Quando um confuso roteiro não consegue fazer refletir. Em seu segundo longa-metragem como diretor, o cineasta britânico Francis Lee (que também assina o roteiro) busca mostrar a faceta de um amor quase proibido com protagonistas totalmente diferentes, no drama Ammonite. Infelizmente, essa jornada, se torna sonolenta, um elo instantâneo é criado mas não profundo ao ponto de se entender seu início. Há uma grande mistura de sentimentos, uma intensidade que não é refletida pelas personagens e apenas jogadas na trajetória delas. Não comove.
Na trama, ambientada em meados de 1800, conhecemos Mary
Anning (Kate Winslet), uma cientista
famosa mas pouco conhecida pessoalmente, uma caçadora de fósseis Descobridora
de ossadas, ou melhor vestígios, como por exemplo de um Ictossauro que está em
um museu famoso. Certo dia, um homem que nutre a mesma paixão pelos fósseis
bate em sua porta e assim ela conhece a esposa do mesmo, Charlotte Murchison (Saoirse Ronan). Após uma situação
complicada de resolver entre marido e mulher, Mary e Charlotte acabam passando
um bom tempo juntas na mesma casa e assim nasce uma paixão.
Uma linha para ver pontos positivos é traçar o paralelo de
reconstrução em forma de triângulo com as montagens das pedras que acham
(ofício) no mesmo tom que acontece uma reconstrução, ‘peça por peça’, na vida
da personagem de Winslet que sai de uma mesmice introspectiva, com um cotidiano
dentro de uma bolha, sem sentimentos, e descobre mesmo que lentamente a
descoberta de desejos. Mesmo assim, a alma gelada da personagem Mary faz
refletir muito pouco sobre a relação que se estabelece. Falando nisso, o foco
do filme é Mary, nos mostra muito pouco sobre o outro lado desse
relacionamento, Charlotte.
Dentro de seu roteiro confuso, há uma cena bem forte de sexo
entre as duas personagens e pode ser que o filme seja lembrado apenas por isso,
pela força dessa cena, mais nada.