Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o
destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso escrito. Falando
sobre a arte do esquecer, o diretor Arie Posin (que também assina o roteiro
deste filme) cria um universo difícil de acontecer na realidade em seu novo
drama Uma Nova Chance para Amar. A
sorte, ou competência, foi ter chamado dois dos melhores atores da eterna Hollywood
blockbusterizada que conseguem segurar todas as lacunas perdidas desse drama
que pode agradar a grande parte do público. Annette Bening e Ed Harris, com uma
grande harmonia em cena, realmente, fazem histórias estranhas se tornarem
impactantes aos olhos do espectador.
Na trama, conhecemos a designer de interiores Nikki (Annette
Bening), uma mulher que sofre durante anos pela morte prematura de seu marido em
um afogamento numa praia do méxico. Anos se passam e a vida de Nikki não
consegue evoluir, tudo ao seu redor a lembram de todo amor que sentia pelo
marido. Certo dia, resolve ir até um museu e lá, surpreendentemente, conhece
Tom (Ed Harris) que possui uma semelhança absurda com o seu ex. Sem saber como
lidar com essa situação inusitada, resolve embarcar em um romance, que mais
parece um triângulo amoroso, que vai mudar sua maneira de ver sua vida.
A história deste filme beira ao absurdo mas isso não é
necessariamente uma coisa ruim. O espectador fica a todo instante esperando
conclusões mais claras sobre como duas pessoas podem ser tão parecidas e não
terem nenhum tipo de vínculo familiar. O certo é focar em como a protagonista
pensa sobre tudo isso. Nikki é uma das melhores construções de personagens
feita por Annette Bening nos últimos anos, muito por conta desse universo
complexo criado. Ed Harris, um baita ator, consegue também passar toda a
angústia que esse novo amor gera aos envolvidos. O público que conseguir se
distanciar dos absurdos contidos na trama acaba se identificando com os
personagens e esquece da ‘licença poética’ que o roteiro executa.
Com um lançamento modesto aqui no Brasil, o filme foi
lançado perto do início de diversos festivais famosos o que vai deixar sua vida
útil no circuito bem limitada. É o famoso caso de filmes que as distribuidoras
precisam colocar no circuito rapidamente senão atrapalha outros lançamentos da
mesma. Provavelmente leitor, você quando ler esse texto, o filme já deve estar
nas locadoras. Mesmo assim, com todos esses pontos analisados, Uma Nova Chance para Amar vale muito
ser conferido pelas grandes atuações de Benning e Harris. Afinal, quem não quer
dar sempre uma nova chance para o amor entrar, por mais inusitada a forma como
isso pode acontecer?