A esperança seria a maior das forças humanas, se não
existisse o desespero. Para falar sobre dramas profundos e histórias que geram
angústias já quando lemos a sinopse, ninguém melhor que o cineasta egípcio Atom
Egoyan. Em À Procura, o experiente
diretor usa e abusa do artifício da não lineariedade, uma manobra muito inteligente
que deixa todos os espectadores intrigados sobre como vai terminar, e como
começou, essa história. Seu protagonista, Ryan Reynolds incorpora muito bem o
sofrido personagem principal. Dessa vez, pontos positivos para o pior Lanterna
Verde da história do cinema.
Na trama, acompanhamos a triste história de Matthew (Ryan
Reynolds), um esforçado empreendedor que vive com sua família em uma cidade do
interior. A vida desse trabalhador muda completamente quando, após estacionar
seu carro na frente de uma lanchonete, percebe que sua filha foi sequestrada.
Após isso, sua relação com a mulher vira um leque de situações estressantes e
tumultuadas. A polícia, a princípio desconfia do próprio Matthew mas logo se
percebe que de fato há terceiros envolvidos no desaparecimento. Nisso, anos se
passam e a luta em achar alguma pista sobre sua filha desaparecida vira uma
grande obsessão.
Um dos grandes méritos do filme, é a boa contextualização –
mesmo de maneira não-linear – das características de cada personagem. Há o pai
e sua desconstrução modelada pelo trauma emocional, a paralisia da mãe que
praticamente busca forças não se sabe de onde para sobreviver os dias, a dupla
de policiais responsáveis pelo caso (interpretados por Scott Speedman e Rosario
Dawson) que possuem um papel importante já no arco final da história, há também
o sequestrador e seus mistérios. Todos esses personagens são postos em cenas,
sequências, argumentações, que deixam o espectador perplexo.
À Procura não é o
tipo de filme que precisamos tentar descobrir quem é o grande vilão da
história. O personagem que representa esse papel nos é entregue logo no primeiro
arco do roteiro, mesmo assim, talvez pela excentricidade gerada pela ótima
atuação do ator Kevin Durant, o público fica atento para saber exatamente como
vai ser o seu desfecho. Estas trocas de perspectivas em um Thriller, por mais
que não sejam tão inovadoras assim, conseguem adicionar mais elementos para a
trama que estreou no Brasil na última quinta-feira (04.12) e sem dúvidas é um
filme que você precisa assistir.