“A vingança é uma
espécie de justiça selvagem”. Essa frase emblemática do filósofo britânico
Francis Bacon, encaixa como uma luva quando pensamos na definição para o novo
filme do competente diretor dinamarquês Kristian Levring, o faroeste The Salvation. Protagonizado pelo
camaleão Mads Mikkelsen, o filme possui um roteiro bem simples, assinado pelo
excelente Anders Thomas Jensen (que também assinou roteiro do espetacular Brothers (2004)), mas que permite o brilho de todos os personagens
nas sequências.
Na trama, voltamos ao ano de 1870 em uma América indefinida,
naqueles tempos onde os vilões bigodudos dominavam as estradas de areia que
andavam os cavalos. Assim, conhecemos o dinamarquês Jon (Mikkelsen) que chegara
há algum tempo na América junto a seu irmão e ambos conseguiram crescer em seus
empreendimentos, permitindo a vinda da esposa de Jon e de único filho para a
terra das oportunidades. Porém, assim que sua família chega, são assassinados
brutalmente por um parente de um bandido local. Jon então parte em busca de
vingança a qualquer preço.
Há drama, há suspense, há ação, bem exploradas dentro do contexto.
A parte do romance dentro da trama que deixa um pouco a desejar. Madelaine,
personagem de Eva Green, era o caminho certo para fazer fluir nesse sentido,
porém, a leitura feita por Eva de sua personagem transforma Madelaine em uma mulher
dura, que se expressa por ações e não por emoções ao longo dos curtos 92 minutos
de fita. Isso não é ruim, não estou dizendo isso, só meio que não preenche
todas as lacunas que a história permitia.
As cenas de bang bang são excelentes. A condução de Levring
é inteligente, deixando o espectador, principalmente aos cinéfilos que curtem
os filmes do gênero, grudado na poltrona. O ótimo Jeffrey Dean Morgan, eterno
sósia de Javier Bardem, veste muito bem a Carapuça de vilão, parece se divertir
em cena. Sem dúvidas, um dos grandes destaques da o filme.
The Salvation se
aproxima muito da qualidade dos ótimos faroestes feitos nos últimos anos em
Hollywood: Os Indomáveis (3:10 To Yuma) e Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei. O êxito desses trabalhos é
fundamental para que esse gênero, imortalizado por John Wayne e companhia,
nunca seja esquecido do imaginário cinéfilo.