Malandro se soubesse quanto é bom ser honesto, seria honesto
só por Malandragem. Após um curta-metragem no longínquo ano de 1989, o cineasta
iraniano Hossein Amini, que adaptou o roteiro elogiado de Drive (do Refn), deve ter lido muito Georges Simenon e Agatha
Christie para criar e dirigir a confusa, e nada atraente, trama de As Duas Faces de Janeiro. O filme é
ambientado em uma Grécia na década de 60 mas para irritação dos cinéfilos, não
consegue criar elementos para aproveitar todo o charme do lugar, fora os
personagens fracos e com péssimas atuações de Viggo Mortensen e Kirsten Dunst. Um
dos piores filmes do ano, não tenham dúvidas.
Na trama, somos apresentados rapidamente ao vigarista Chester
MacFarland (Mortensen), um homem cheio de segredos que deixou para trás um
passado de roubos em pessoas importantes e resolveu fugir para uma “trip” com
sua linda esposa Colette MacFarland (Kirsten Dunst). Após uma noite agradável
em Athenas, um homem confronta Chester para retomar o dinheiro roubado, nisso,
após uma briga, o protagonista acaba matando ele. Para tentar ajudar o
personagem principal e sua esposa a fugir do país, um guia turístico, também
outro malandro, chamado Rydal (Oscar Isaac) aparece em cena não estabelecendo
limites para conseguir outras coisas em troca.
As Duas Faces de Janeiro
é o tipo de filme que te cansa logo nas primeiras cenas. Um charme
debochado, totalmente clichê, é visto nas primeiras sequências embutido em cada
personagem que é apresentado. A trama, é lenta, com poucas razões para os
desenvolvimentos das ações, tudo é muito gratuito. A única tentativa de agradar
ao público fica a cargo do suspeito personagem interpretado por Oscar Isaac,
mas mesmo esse não tem o desenvolvimento nem influência suficiente para agradar
ao público no desfecho. É nítido que Mortensen, Dunst e Isaac não conseguem entrosamento
em nenhuma sequência, parecem textos lidos e não interpretados.
Com tanto filme bom em cartaz no circuito brasileiro, ainda
mais agora que vão chegar os filmes que possuem indicações aos grandes prêmios
do cinema mundial, As Duas Faces de Janeiro
se torna um prato indigesto, uma apática história blasé que gera mais
sonolência que o rivotril.