O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente. Um
dos grandes destaques do último festival de cinema de Gramado, O Último Cine Drive-In marca a estréia do
diretor Iberê Carvalho na direção e com muita delicadeza faz uma bela homenagem
ao mundo perdido dos 35 mm e dos Drive-in, praticamente extintos no Brasil e
que antes faziam parte do circuito cinematográfico brasileiro. Com uma poderosa
atuação do experiente Othon Bastos e com as ótimas interpretações de Fernanda
Rocha , Breno Nina , o filme cria um entrosado clima para desfrute dos
cinéfilos de plantão.
Na trama, conhecemos o jovem Marlombrando (Breno Nina), um rapaz de menos
da meia idade que se vê perdido em um caos emocional enorme com a ida da mãe a
um hospital, os conflitos do passado que precisa enfrentar e as lembranças
lindas de uma vida antiga mas que ainda o traz boas lembranças. Seu pai, Almeida
(Othon Bastos) é dono de um quase abandonado Drive-in em Brasília e lá o futuro
de todos será decidido a partir das escolhas que são muito mais do coração do
que da razão.
Em meio a 35 mms, uma crítica (não muito profunda) a
indústria cinematográfica e aos governantes que muitas vezes preferem construir
prédios em vez de investir na cultura, o longa-metragem de 100 minutos é um
drama carregado de emoção que possui um primeiro ato praticamente perfeito que
deixam o espectador com os olhos grudados nos acontecimentos. A carga emocional
embutida em cada conflito de cada personagem ajudam e muito a história de
tornar interessante a todos. O Último Cine Drive-In , de uma maneira
geral, é, sem dúvidas, um dos trabalhos mais consistentes do nosso cinema nos
últimos anos.
O único fator que pode causar algum ponto negativo com o
filme, é que a trama arma todo seu conteúdo para um grande final, ou alguma
surpreendente ideia que a história possa apresentar, porém, as conclusões que
se chega ao final são bem pés no chão e nem de longe há um clímax impactante.
Mas, como já mencionado, a delicadeza com que os personagens são interpretados
gera uma empatia instantânea com o público, que deve gostar bastante desse belo
trabalho nacional.