Apenas em torno de uma mulher que ama se pode formar uma
família. Mia Madre, um dos filmes de
destaque do festival do Rio 2015, é um recorte sensível sobre a chegada de
novas ideias e modos de pensar para uma personalidade egoísta e solitária. O carisma da fita chega muito mais forte ao
público por meio das elegantes pitadas cômicas provocadas pelo caos emocional
de Margherita, a protagonista, além da triunfal e fundamental chegada de John
Turturro e seu iluminado personagem Barry Huggins. Turturro simplesmente dá um
show em cena.
Na trama, conhecemos a incompreensiva Margherita (Marguerita
Buy, em uma grande atuação), uma mulher de personalidade forte, controladora, que
enfrenta uma fase difícil, seja nas intensas gravações de seu novo projeto como
diretora ou nas doloridas idas e vindas ao hospital onde sua mãe se encontra
internada. A protagonista, uma italiana guerreira, luta diariamente para manter
uma certa sanidade em meio a tantas novas linhas de pensamentos que chegam com
força avassaladora para ela, transformando uma personalidade antes intocável em
um sensível e mais compreensível ser humano.
Lembranças, histórias, o sofrimento do momento em que vive,
Margherita parece repensar os momentos em que esteve ausente. Ao mesmo tempo, e
gerando um paralelo muito intrigante, vemos seu lado profissional passar por um
totalmente descontrole principalmente com a chegada de um excêntrico ator
estrangeiro ao set de filmagens. Muitas vezes um drama profundo, às vezes uma
comédia dramática, Mia Madre navega
com cautela e inteligência no conflituoso embate emocional que chega as pessoas
uma vez na vida.
O longa-metragem, sensação nos festivais onde passou, é um
pouco mais que um retrato do esgotamento emocional em que se encontra a
protagonista, muito bem retratado pelo ótimo diretor Nanni Moretti. Vale a pena
conferir, estreia dia 24 de dezembro no Brasil.