Dirigido e roteirizado pelos craques e experientes cineastas
Vittorio Taviani e Paolo Taviani (dos excelentes Pai Patrão e Cesar deve
Morrer), Maravilhoso Boccaccio não
deixa de ser, a princípio, uma grande homenagem à cultura italiana onde navegam
por algumas histórias que estão no famoso livro de Giovanni Boccaccio, Decamerão. Os irmãos Taviani, com muita habilidade, aos
poucos vão explorando as fragilidades dos personagens (que são muitos) de
maneira muito objetiva e as sequências vão tomando forma de maneira elegante e
muito simpática na tela. O público se sente a todo instante folheando páginas
de um livro conhecido mas que dessa vez com imagens que personificam as emoções
ligadas ao coração.
Exibido no Festival de Tribeca 2015 e no Festival do Rio do
mesmo ano, Maravilhoso Boccaccio se passa
na Florença do século XIV, que foi duramente atingida pela terrível peste negra.
Com medo das consequências dessa temível peste, alguns jovens, poucos rapazes e
muitas moças, meio que resolvem fugir do caos da cidade e tentam achar abrigo
em uma grande casa, distante do epicentro da doença, onde, sem muito o que
fazer, resolvem contar histórias para passar o tempo.
O longa-metragem, que estreia no Brasil na próxima
quinta-feira (05), explora a simplicidade para provocar o imaginário, mais ou
menos o poder que um poderoso e rico livro tem quando se conecta à nossa
imaginação. Algumas cenas parecem um teatro aberto, onde olhamos para cada
centímetro buscando absorver tudo que aquela sequência representa para a história.
A dor e o medo são os primeiros a serem encontrados, exemplificado no instinto
clássico de sobrevivência que nesse caso é valorado pela fuga. A amizade logo
chega de maneira predominante e regras são impostas para fazer a ponte com
outro sentimento: a dúvida, que se mostra presente do segundo ato em diante, às
vezes camuflada de ansiedade.
Maravilhoso Boccaccio
é um daqueles trabalhos que conquistam o público já nas primeiras cenas. Tudo
é tão delicado que beira ao poético. Não percam este lindo filme.