Família! Família! Papai, mamãe, titia, Família! Família!
Almoça junto todo dia, nunca perde essa mania. O novo filme do excepcional
cineasta dinamarquês e criador do movimento Dogma 95 Thomas Vinterberg é um
trabalho que fala sobre o sentimento forte da ideologia de mudança nas relações.
Ambientado na década de 70 e cheio de assuntos a serem explorados, como a ‘política’
dos relacionamentos e as novas ideologias frutos de pensamentos inovadores
sobre uma sociedade que está em constante crise, o longa-metragem transporta o
espectador para uma viagem muito diferente sobre o ser humano e suas constantes
ideias mirabolantes. Somos brindados também por uma atuação maravilhosa dos
atores dinamarqueses Trine Dyrholm e Ulrich Thomsen, ambos que aturam no
inesquecível clássico de Vinterberg, Festa
em Família.
Na trama, conhecemos o professor de arquitetura Erik (Ulrich
Thomsen) e sua esposa, a apresentadora de televisão Anna (Trine Dyrholm) que
está se mudando para um enorme casarão com sua filha Freja (Martha Sofie
Wallstrøm Hansen). Adeptos de idéias inovadoras e pensando que poderiam melhor
seu cotidiano, a família resolve chamar amigos e conhecidos para morarem com
eles, formando uma espécie de comunidade, assim dividem as despesas e passam a
ter uma grande reunião diária, seja no almoço, seja no jantar. Porém, ao longo
do tempo, Erik começa a se distanciar de Anna e acaba se apaixonando pela
estudante Emma (Helene Reingaard Neumann) e para piorar os moradores da casa
concordam em deixar a jovem morar com eles fazendo com que Anna tenha sua vida
destruída em poucos dias.
Vinterberg é muito objetivo em focar no tema central de sua
história (o roteiro foi escrito pelo diretor e por Tobias Lindholm – esse último
teve seu último filme, como diretor, indicado ao Oscar deste ano, Krigen). Por mais que tenhamos muitos
personagens entrando e saindo das cenas, a trama que se desenvolve passa mesmo
pelo triângulo amoroso instaurado e uma história quase que paralela sobre o
desenvolvimento da juventude da filha de Erik e Anna, Freja. Essa última,
possui um olhar muito delicado e emocionado sobre o desenrolar dos fatos que
acontecem com seus pais, é quase que um ponto de equilíbrio do casal, ela
percebe tudo, ela vê tudo mas ainda possui uma imaturidade para lidar com tanta
informação.
Uma coisa que se torna um pouco difícil durante as quase
duas horas de duração do longa é determinar todos os reais motivos da criação
dessa comunidade. Um fato forte e batido muitas vezes nos diálogos de Erik é a
questão financeira mas não é só isso, ou talvez essa seja somente a visão dele.
Em Anna, por outro lado, percebemos uma objetiva vontade de agregar valores ao
cotidiano do casal mas logo percebe que a mais prejudicada nessa ideia foi a
mesma.
Com lançamento previsto para agosto deste ano nos cinemas
brasileiros, A Comunidade (como deve
ser mesmo chamado por aqui o filme), é um projeto que nos faz pensar sobre a
sociedade e os impactos familiares que possamos ter quando deixamos de acreditar
na união. Família êh! Família ah! Família! Família êh! Família ah! Família!