Baseado no livro de sucesso da escritora britânica Jojo
Moyes, o drama Como eu era antes de Você
é um daqueles filmes que tentam, a cada segundo de projeção, fisgar nossos
corações e mexer com muitas emoções profundas. Dirigido pela debutante em longas metragens Thea
Sharrock, o projeto tem boas coisas, como a atuação emocionante de Emilia
Clarke (a Daenerys Targaryen de Game of
Thrones) e a sutileza de muitas cenas difíceis. Mas como nem tudo são
flores, há um excesso de açúcar demais em algumas sequências o que perde um
pouco da intensidade que o filme poderia ter.
Na trama, conhecemos Will Traynor (Sam Claflin), um jovem
que tinha tudo mas que após um infeliz acidente envolvendo uma motocicleta
perdeu quase todos os movimentos de seu corpo. Vivendo em um lugar lindo, vigiado
a todo instante por sua protetora mãe Camilla (Janet McTeer), Will precisa de
uma nova assistente para ajudá-lo com as rotinas básicas diárias. Assim, surge
na vida dele a impactante e delicada Lou (Emilia Clarke), uma jovem que
abandonou a faculdade para poder ajudar seus pais e que em poucos meses vai
mudar pra sempre a rotina da família Traynor.
Se muita gente curtir o filme, muito se deve a atuação da
estonteante Emilia Clarke. Sua Lou é o sonho de qualquer sogra: um sorriso
impactante, uma energia profundamente positiva, um ar de ingenuidade misturado
com uma garra que só se encontra em pessoas especiais. Praticamente desfilando
em uma passarela imaginária (a dos sonhadores), seu figurino certamente será
bastante lembrado, Lou traz ao outro protagonista uma dose inesquecível de
esperança mesmo que essa já tenha tido seu prazo esgotado. É um rasteiro paralelo
com a fé nossa de cada dia personificada em uma pessoa com as mais sinceras
intenções.
Mas aí, entra a questão dos açúcares mencionados na
introdução. Para transformar essa trama em um filme, abusaram da melosidade.
Não era preciso. A força da história está certamente na simplicidade de sua
protagonista, por mais que o raio-x de qualidades e defeitos tenha sido feito
com muita maestria, o roteiro acaba entrando em uma espécie de licença poética
e adiciona demais em cenas que precisavam de elementos simples para criar o tal
do boom da emoção inesquecível. Como eu
era antes de Você perdeu a chance de ser lembrado e entrar em uma galeria
cinéfila ao lado de PS Eu te Amo e Questão de Tempo.