A beleza essencial pode estar na sutileza, no subliminar.
Dirigido pela atriz e diretora suíça Léa Fazer, Maestro é uma daquelas pequenas obras-primas que achamos no baú
empoeirado do mundo mágico da sétima arte. Quase sem possibilidade de exibição
nos cinemas brasileiros, o filme é um ato poético sobre o descobrimento do
saber usando a estrada do cinema de arte. Ao longo dos curtinhos 81 minutos,
somos testemunhas de metáforas filmadas e gestos muitos simples de sabedoria
sobre a arte do viver.
Na trama, conhecemos o caricato e jovem ator Henri (Pio
Marmaï), que sonha em trabalhar algum dia nos blockbusters hollywoodianos mesmo
não conseguindo se estabelecer ainda como ator. Certo dia, parece que sua sorte
muda quando recebe a chance de trabalhar um filme do conhecido cineasta Cédric
Ròvere (Michael Lonsdale), uma referência do Cinema de arte. No set de
filmagens, quase um peixe fora d’água, acaba se apaixonando por Gloria
(interpretada pela bela atriz belga Déborah François) e descobrindo com boas
intenções o ar da intelectualidade e suas simplicidades de entender melhor a
vida.
O projeto tem vários pontos positivos para destacarmos. Um
deles, a relação Mestre X Aprendiz que o filme disseca de forma objetiva e
deixa várias lacunas para completarmos com nosso imaginário. Muitas dessas
lacunas, inclusive, são preenchidas quando na subida dos créditos somos informados
que o filme é parte baseado em uma história real que aconteceu com o consagrado
diretor francês Éric Rohmer no set de
seu último filme O Amor de Astrée e
Céladon. Outro fator importante é a modelagem/construção do que é o
surgimento do amor aos olhos do protagonista. Com tanta transformação que o personagem
principal passa em pouco tempo, a ingenuidade e simplicidade acabam se tornando
elementos de interseção de todo o processo.
Com convincentes atuações, sem almejar nada mais do que ser
uma boa história filmada, Maetro é um filme simplesmente complexo em sua
maneira de enxergar o mundo mas bem trivial na maneira de tocar nossos corações
sonhadores. Uma pequena obra-prima, se tiver a chance de conferir, não perde não :)