Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas
apenas existe. Escrito e dirigido pelo pouco conhecido ator e também cineasta Matt
Ross, Capitão Fantástico é um
daqueles filmes que deixam nosso coração na boca, faz nosso raciocínio brilhar
e mexe intensamente com nosso modo de ver e viver tudo que aprendemos até hoje
em nossas vidas. Exibido no Festival do Rio deste ano e com uma atuação
brilhante do grande ator nova iorquino Viggo Mortensen, o longa metragem de
objetivos 118 minutos é, sem dúvidas, o melhor filme do ano até agora.
Na trama, conhecemos Ben (Viggo Mortensen) e sua família
para lá de diferente. Ben e sua esposa resolveram criar os seus seis filhos em
um lugar muito bonito e longe da sociedade, deixando eles distantes de qualquer
contato com as novidades e besteiras do mundo e sua globalização. Quando sua
esposa, que precisou ser hospitalizada por conta de uma doença terrível,
falece, Ben resolve ir até o encontro dela e leva junto seus filhos. Após o
choque natural da criançada com o mundo da maioria das pessoas que os cercam
mais que nunca tiveram contato, o capitão fantástico desta turma terá que fazer
escolhas difíceis e confrontar pessoas que consideram seu modo de vida
prejudicial aos seus filhos.
A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre
toda a vida. Pensador desse lema, o protagonista criou seus filhos com rigidez
e muita disciplina. Livros complexos são passados como dever de casa para todas
as crianças, não importa a idade. As verdades são uma só e vários tabus de
outras casas, para Ben, são apenas verdades que precisam ser ditas da única
maneira que existe. O ambiente é de total harmonia, músicas (a cena da família
cantando ‘Sweet Child o’Mine’ é emocionante e arrepia), brincadeiras mas também
alguns excessos como exercícios físicos que não respeitam idade e que podem machucar.
O personagem principal é intenso em seus princípios, a ideia de ter uma família
vivendo longe dos vícios e futilidades, além dos alimentos que só prejudicam, é
vivida intensamente mas falta equilíbrio, no fundo, Ben sabe disso.
No terceiro arco em diante, a mudança começa a acontecer. Ben,
personagem complicado, de bom coração, interpretado com maestria por Mortensen
se vê cercado de situações que o fazem repensar alguns de seus conceitos. Seus
filhos, sua única riqueza nesse mundo, percebem rapidamente e o ajudam nesse
momento de transição, transformando uma linda história em uma história
inesquecível. Capitão Fantástico é algo assim, único, um presente para quem gosta
de se emocionar com filmes que mexem com nosso coração. A grande lição que
aprendemos com essa fita é que Capitão Fantástico é qualquer um que acredita
que uma boa ideia pode mudar um pouquinho nosso mundo, ou mesmo que um filme
inesquecível faz com que reflitamos sobre nossa própria existência. Seja o
Capitão da sua vida, viva fantasticamente. Bravo! :)