O mal do malandro é achar que todo mundo é otário. Escrito e
dirigido pelo cineasta Caito Ortiz, O
Roubo da Taça é uma comédia franca, com ótimos diálogos e personagens que
produzem uma comédia de fato realmente engraçada. Na contra mão de outros
filmes do gênero, falando em cinema nacional, O Roubo da Taça está muito acima, um longa metragem muito divertido
e bem feito. O projeto ganhou alguns prêmios, inclusive no prestigiado Festival
de Gramado no ano passado.
Na trama, ambientada no começo da década de 80 no Rio de
Janeiro, conhecemos Peralta (Paulo Tiefenthaler em grande atuação) um
trambiqueiro, flamenguista e corretor de seguros que passa os dias se atolando
em dívidas de jogo e dando pouco atenção a sua charmosa esposa Dolores (Taís
Araújo). Certo dia, após receber um singelo ultimato do dono da casa de jogos
onde passa a maioria de suas noites perdendo dinheiro, tem a inusitada ideia de
invadir a sede da CBF com a ajuda do enrolado amigo Borracha (Danilo Grangheia)
e roubar a Taça Jules Rimet, que está em posso dos brasileiros após o
tricampeonato mundial, após vencer a Copa do Mundo de Futebol do México, em
1970. Obviamente muitas coisas dão erradas após o roubo e a polícia começa a
desconfiar da dupla de malandros.
O roteiro é bem simples e as atuações que engrossam o caldo
desse tempero tipicamente carioca. A malandragem, exercida com louvor pelos
personagens, é tratada de maneira charmosa com caricaturas óbvias mas muito
eficazes tanto em relação às ações como nas reações. O filme poderia ser
tranquilamente um seriado de sucesso, onde semanalmente acompanharíamos o
desenrolar dessa cômica trama. É um filme que todos vão dar risadas, a inclusão
do malandro em sua personificação argentina é hilária e dá mais charme a boa
história.
O Roubo da Taça encontra-se
atualmente no vasto catálogo do Netflix e merece que todos dêem uma conferida.
Em meio a gigantescos lançamentos de comédia sem graça no cenário nacional,
esse é um filme do gênero que agrada, possui muitas e inúmeras qualidades.