O mau-humor é quando nem imaginam o quanto você necessita de
um amigo. Uma das grandes surpresas na listas de indicados a melhor filme estrangeiro
no último Oscar, o longa metragem sueco Um
Homem Chamado Ove é uma daquelas fábulas modernas que usa da característica
marcante de seu protagonista, o mal humor, para sorrir e emocionar centenas de plateias
mundo a fora. Dirigido pelo cineasta sueco Hannes Holm, o filme que ainda está
em cartaz em parte do circuito brasileiro, gera diversas lições que envolvem a
amizade, a vivência em comunidade e o amor.
Baseado no livro A Man
Called Ove, de Fredrik Backman, Um
Homem Chamado Ove conta a história de um senhor já na terceira idade
chamado Ove (Rolf Lassgård, que fez o excelente Depois do Casamento de Susanne Bier) que vive seu cotidiano isolado
de todos e vivendo em um conjunto habitacional que ele mesmo ajudou a fundar.
Já sem muitas alegrias, principalmente pelo abalo que o falecimento da esposa
causou em sua vida, tenta a todo instante cometer o suicídio e sempre algo
acontece na hora do ato final. A vida desse personagem, completamente
rabugento, começa a mudar um pouquinho com a chegada de seus novos vizinhos e
Ove começa a repensar melhor sobre o simples ato de viver.
Tudo nessa história gira em torno de seu complexo
protagonista. O elo de ligação com o público chega por meio de flashbacks onde
aos poucos vamos conhecendo melhor esse já grande personagem do cinema sueco.
Suas tristezas, a emoção do primeiro encontro com a esposa e o momento decisivo
em sua vida com o falecimento da mulher que sempre o entendera e transformava
seu mundo em um lugar feliz. O paralelo com o presente chega na figura dos
novos vizinhos, completamente amáveis, que transformam os últimos anos de vida
de Ove em algo parecido com felicidade e bem estar.
Um pouco longo demais talvez, por conta dos detalhados
flashbacks que acompanham o roteiro, cerca de duas horas de filme, Um Homem Chamado Ove exala lições, mexe
com nossos corações e dá uma baita vontade de ligar para nossos avós para saber
se está tudo bem. Um filme que definitivamente vai ter um lugar marcado em
nossas memórias cinéfilas.