Matamos o tempo, o tempo nos enterra. Debutando em longas
metragens, os cineastas italianos Fabio Resinaro e Fabio Guaglione conseguem
passar com louvor nesse primeiro teste. Unindo um clima de tensão com metáforas
psicológicas pra lá de convincentes, Mine
é um daqueles filmes surpreendentes que precisam de uma boa atuação de seu
protagonista para que a mágica aconteça. E acontece. Ao longo dos 106 minutos, kafkianos
e labirínticos portas de possibilidades se abrem em meio a uma situação
inacreditável vivida pelo protagonista, interpretado pelo ator Armie Hammer.
Na trama, conhecemos o sargento do exército norte americano
Mike (Armie Hammer), um homem que fora mandando para lutar em território
inimigo. Em uma missão, jutamente com seu colega de pelotão Tommy (Tom Cullen),
acaba enfrentando um grande desafio quando, precisando andar a pé para o ponto
de resgate pelo restante de seu pelotão, acaba pisando em uma mina terrestre em
meio a um deserto de sol escaldante. Lutando contra o tempo e usando apenas as
ferramentas que tem em seu uniforme, sem tirar o pé da bomba, precisará contar
com muita força mesmo quando memórias cruéis o assombram durante essas horas de
terror.
O filme é angustiante em grande parte do seu tempo. O
protagonista é um homem atormentado por seu passado, problemas com o pai, o
falecimento da mãe o relacionamento conturbado com a namorada. Tudo isso volta
que nem um vulcão em cada segundo das intensas horas que passa no deserto
completamente sozinho em grande parte desse tempo. A atuação de Armie Hammer é
digna de elogios, passa para o público uma dor incansável e toda a agonia do
momento, principalmente quando o fator psicológico do personagem começa a
falhar e alucinações vindas em forma de metáforas, dignas de longas horas com
um psiquiatra, começam a aparecer.
A luta pela sobrevivência em situações extremas é algo
bastante complexo de ser filmado, e nesse caso com mil possibilidades de o
filme cair em armadilha tão complexa quanto a enfrentada pelo protagonista, mas
essa é exatamente a margem que o roteiro alcança para preencher com informações
sobre o passado de Mike o que eleva a qualidade do filme. A direção é bem
detalhista, principalmente no primeiro arco, com poucos recursos consegue ser magistral
em seu enredo e definições finais de todos os elementos envolvidos na trama.
Mine não tem data
para estrear no Brasil mas torcemos para que o filme chegue ao circuito exibidor.
Em meio a tantas possibilidades que ficam no meio termo entre blockbuster e
filmes independentes, esse é um filme que você não pode perder.