A gente repete que quer, mas não busca. E, de um modo
abstrato, se ilude que fez. Exibido no último Festival de Sundance, nesse ano
de 2017, Colossal, escrito e
dirigido pelo cineasta espanhol Nacho Vigalondo é um filme bastante
imaginativo, que respira o abstrato a todo instante para contar uma história
sobre desilusões de uma protagonista em crise. Protagonizado pela queridinha de
Hollywood Anne Hathaway, o projeto estreia no Brasil em meados do mês de junho.
Na curiosa trama, conhecemos Gloria (Anne Hathaway), uma
jovem inconsequente e sem sonhos que leva a vida de festa em festa, dia a dia.
Morando com seu namorado Tim (Dan Stevens) em uma grande cidade norte
americana, vê sua vida virar de cabeça pra baixo com o rompimento do namoro,
assim é obrigada a se reconstruir e voltar para a casa onde viveu quando
criança em uma cidadezinha no interior dos EUA. Chegando lá, reencontra o velho
amigo Oscar (Jason Sudeikis) que agora é dono do maior bar da cidade. Após
alguns dias em sua ‘nova vida’, Gloria e o mundo são surpreendidos por um
gigantesco monstro que surge na cidade de Seul (na Coreia do Sul), e, para
deixar esse roteiro mais louco, Gloria começa a suspeitar e provar que seus problemas
estão ligados aos ataques desse monstro que estranhamente imita os movimentos
dela.
Tudo é bastante estranho nessa história principalmente
quando percebemos que o monstro que aparece na Coreia é mero coadjuvante. O
longa é moldado para sermos os olhos e ouvidos da protagonista e assim cumpre
seu papel com eficiência em certos momentos, mesmo com inúmeras cenas pouco
criativas para mostrar o desinteresse e falta de expectativa de Gloria. As
pessoas que a cercam nesse curioso caso, que parece bastante com algum conto perdido
de Stephen King, também tendem ao peculiar e algumas com papel importante no
desfecho e conclusões do filme.
Após um primeiro arco totalmente monótono e sem brilho, a
continuidade dessa saga rumo ao imaginário esquisito possui bons momentos mas
que nunca chegam à conclusão que correspondem a expectativa criada. O desequilíbrio
psicológico toma conta dos personagens, somos reféns de inúmeras cenas de
bebedeiras, inconsequências severas e um raso movimento de destaque ao
feminismo representado pelas ações heroicas e de liberdade da protagonista.
Esse Sci-fi disfarçado de thriller psicológico com raspas de mistérios dirá
muita coisa para uns e nada para outros.