O lugar onde nossos sonhos vivem e que o projetor é acionado
pela emoção. Decifrando métodos e pensamentos de grandes nomes do cinema atrás
das câmeras, o brilhante homem de cinema - falar que ele é apenas diretor seria
muito pouco - Walter Carvalho nos apresenta, por meio de depoimentos marcantes
de grandes nomes do cinema mundial, as brechas da realidade, as flechas do
tempo, o imperativo do ritmo, pessoas que nos levam a magia na tela lisa onde
sonhos e pensamentos são colocados.
A poesia das primeiras imagens já colocam o espectador com
os olhos atentos a uma série de argumentos, quase um aulão de ‘pré vestibular
cinéfilo’. Entre um pensamento e outro, o escritor Ariano Suassuna e suas
deliciosas experiências vendo filme em cinemas emblemáticos do sertão. Há uma
poesia de plano de fundo, alguns dirão inexplicável. Nessa grande homenagem a
todos que amam a sétima arte, que teve mais de uma década de planejamento e
filmagens, Walter Carvalho busca os diferentes motivos que integram a vontade
de filmar de grandes cineastas. Gus Van Sant, Julio Bressane, Ruy Guerra, Hector
Babenco, Bela Tarr, Ken Loach, Andrew Wajda são alguns dos grandes nomes que
prestam depoimentos sobre sua arte de filmar.
Tendo como cenário inicial as ruínas do Cine continental no
Sertão da Paraíba,
abordando a linguagem cinematográfica, Um Filme de Cinema que
estreia agora em agosto no circuito exibidor brasileiro, não deixa de
emocionar. Plano a plano, o prazer e as frustrações, são temas de raciocínios,
alguns até em forma metafórica. Os nossos sentidos básicos, o olhar ligado ao
espaço e ouvido vinculado ao tempo, seus movimentos e o som, dentro ou fora do
quadro, temos uma aula de cinema captadas por argumentações e pensamentos pela
lente inteligente de Carvalho.
O capitalismo e a criação audiovisual, o cinema autoral e os
pontos do cinema blockbuster, muita
coisa sobre o que cerca a poderosa indústria da sétima arte no mundo a fora
também recebe argumentos. Talvez, o depoimento mais marcante sobre cinema x
indústria cinematográfica, o húngaro genial Bela Tarr fala que a maioria dos
filmes excluem o tempo, por só querer focar em histórias: Ação, corte, ação...
Mas assim, ainda segundo o diretor do brilhante de longos planos O Cavalo de Turim, você pode perder
muitas coisas que você pode ter na vida. A arte de verdade tem que estar mais
próxima da vida do que do mercado.