A beleza das artes e os confortos dos retratos da vida.
Depois de muitos trabalhos como diretora de fotografia, a cineasta parisiense Caroline
Champetier apresenta um dos seus primeiros trabalhos como diretora principal,
nesse interessante tele filme Berthe Morisot. O projeto, que rodou muitos
poucos cinemas, sendo exibido em outras janelas, possui uma direção de arte
impecável que passa a sensação ao espectador de estar entrando em uma coleção
de museus de todo o mundo. Para dar vida a essa importante artista francesa, a
escolhida foi a bela Marine Delterme (Vatel
- Um Banquete para o Rei, Paris-Manhattan), que explora sua personagem de
maneira convincente.
Na trama, baseada na obra Manet, un rebelle en
redingote de Beth Archer Brombert, conhecemos a vida adulta da pintora
impressionista francesa Berthe Morisot (Marine Delterme) que passa por diversas
transformações nos rumos de sua vida, principalmente quando conhece uma das
maiores figuras das artes no século XIX, Édouard Manet (Malik Zidi). Berthe foi
sempre uma mulher a frente de seu tempo e conseguiu o respeito de todos através
de sua forte personalidade e suas obras inesquecíveis.
Uma das grandes damas do impressionismo, tem parte de sua
vida detalhada nesse ótimo projeto. Com foco no primeiro ato em sua vida
familiar e todo o inicial interessante pela pintura. Berthe nasceu em Bourges, era
prática comum das famílias bourgeois em educar as filhas nas artes. Assim, ela
e sua irmã tiveram aulas particulares com grandes professores da época. No
segundo ato, o longa metragem, explora as transformações que Berthe passa após
ter alguns de seus quadros bem comentados e seu encontro com uma das
referências nas artes da época ,Manet. Os contextos políticos e sociais do
século XIX também influenciam sua maneira de pensar e ver o mundo.
Há uma ênfase no relacionamento intenso da protagonista com
Manet, onde crescem os atores em cena. Os dois são atraídos pelo contexto das
artes mas o filme deixa claro que poderia ter sido uma grande história de amor
também, talvez, atrapalhado porque Manet já era casado e ter sido diagnosticado
com sífilis (causa inclusive de seu falecimento precoce aos 51 anos. Berthe foi
musa inspiradora de quadros famosos do artista francês.
Nesse belo passeio pela história da arte européia, somos
testemunhas de uma incrível trajetória de uma mulher à frente de seu tempo.