Se tudo é imperfeito nesse mundo imperfeito, então o amor é
perfeito em sua imperfeição. Dirigido pela dupla de cineastas suecos Jane
Magnusson e Hynek Pallas Trespassing
Bergman é uma grande viagem ao mundo peculiar de um dos maiores cineastas
da história do cinema, Ingmar Bergman. Ao longo de quase duas horas de filme
somos testemunhas de relatos profundos, emocionantes, de grandes diretores e
atores mundialmente conhecidos sobre todo o legado do saudoso mestre. Tomas Alfredson,
Woody Allen, Wes Anderson, Harriet Andersson (uma das musas de Bergman),
Francis Ford Coppola, Wes Craven, Robert De Niro, Michael Haneke, Claire Denis,
Martin Scorsese e Ang Lee são alguns dos nomes que aparecem nesse belo
trabalho.
Tendo como início a viagem de alguns renomados artistas da
sétima arte até a ilha Faro, local onde Bergman passou boa parte de sua vida e
que hoje virou um lugar escondido tendo
visitas de muitos para conhecer onde morava o diretor de Morangos Silvestres,
Persona e tantos outros clássicos do cinema. Alejandro González Iñárritu,
visivelmente emocionando em grande parte do filme conta com muita sinceridade
sua relação e importância do cinema de Bergman para sua formação como cineasta.
Cada detalhe é captado pelas lentes dos diretores responsáveis por esse documentário
que não deixa de ser uma homenagem ao infinito legado que Bergman deixou em
suas obras.
Na parte mais polêmica, com certeza, vem os pensamentos
sobre Bergman do polêmico cineasta dinamarquês Lars Von Trier, muito por conta
de não ter tido uma carta sequer que enviou ao mestre ter sido respondida. Já
John Landis (diretor do inesquecível The
Blues Brothers entre outros grandes filmes) fica fascinado com a filmoteca
de Bergman, de filmes históricos até Duro
de Matar em fita VHS. Wes Anderson, que dá seus relatos em um apartamento
em Paris, é o mais equilibrado em dizer sua relação com os filmes do diretor
sueco, uma pequena aula de cinema desse genial cineasta, ídolo de muitos cinéfilos.
Falecido em 2007, aos 89 anos, Ingmar Bergman transformou o
cinema com sua visão do mundo. Era um cinéfilo dos grandes, via três filmes por
dia até perto de sua morte. É um nome inesquecível na imensa galeria de pessoas
que mudam nossa maneira de olhar, sempre através de uma câmera.