É preciso sofrer para se chegar aos momentos felizes. Focando
em temas atemporais que pairam o universo do primeiro amor, o projeto apresenta
um protagonista repleto de dificuldades em entender seus sentimentos e com uma
certa síndrome ligada à solidão. Escrito e dirigido pelo cineasta Pedro
Coutinho o longa deve agradar ao público jovem e que se interessa pelo bom
cinema nacional. Exibido no último Festival do Rio de Cinema, Todas as Razões para Esquecer é um pequeno
e interessante recorte sobre a descoberta da maturidade em nossas juventudes
prolongadas.
Na trama, tendo como pano de fundo uma bela trilha sonora, conhecemos
o complicado Antônio (Johnny Massaro) que acaba de terminar um relacionamento
com Sofia (Bianca Comparato), o grande amor de sua vida. O protagonista não
consegue entender os porquês do término e começa a navegar em uma trajetória de
autoconhecimento, usando todo tipo de
medida nunca antes usada por ele, como ir ao psiquiatra, usar o Tinder, remédios
ansiolíticos, em busca de descobertas para melhorar seus dias.
Há um ar melancólico, tons de comédia suaves, e com
premissas ligadas às metáforas que a vida traz. Dividido em arcos profundos, com
algumas situações tragicômicas, busca por meio de diálogos expressivos dar um
certo carisma ao protagonista, interpretado pelo ótimo Johnny Massaro. As idas
e vindas dos coadjuvantes, pessoas que envolvem a vida do personagem principal,
dão um certo ritmo ao filme sempre buscando surpreender pelas ações
inconsequentes e ligadas as emoções do momento dos personagens.
O filme conversa com sucessos como 500 Dias com Ela e Brilho
Eterno de uma Mente sem Lembrança, apesar de ter uma linha até certo ponto original
a desenvolver seu protagonista de maneira coerente. A chave para uma boa sessão
é compreender a relação e as exposições de Antônio com a psiquiatra que o atende,
a partir dessas curtas mas intensas conversas compreendemos melhor o quão perdido está o
personagem e assim embarcando em sua história repleto de altos e baixos.