Ganhador do prestigiado prêmio Goya desse ano, o
longa-metragem A Livraria, novo
trabalho da renomada cineasta Isabel
Coixet, é um singelo retrato sobre o mundo da literatura e tudo o que gira
ao seu redor quando pensamento em sociedade em uma Europa repleta de
transformações no final da década de 50. Baseado no aclamado romance homônimo
de Penelope Fitzgerald, o projeto dá
luz a força feminina em uma época repleta de tensões movidas por interesses.
Na trama, acompanhamos a saga de uma viúva bastante
inteligente chamada Florence (Emily
Mortimer) que após a perda do marido, resolve empreender, arriscando tudo
que possui para abrir uma livraria em uma cidade litorânea no interior de uma
Inglaterra perto do início dos anos 60. Enfrentando dificuldades que nunca
imaginara, com maior força por conta de interesses de forças da elite local,
encabeçada pela excêntrica Violet (Patricia
Clarkson), Florence precisará ter muita força de vontade para seu negócio
dar certo e também contará com a ajuda de Edmund (Bill Nighy), um recluso morador da cidade que está cansado da
mesmice e da falta de renovação cultural onde vive.
Passeando por clássicos como Lolita, livro famoso e polêmico do escritor russo Vladimir Nabokov
e Fahrenheit 451 do norte-americano Ray Bradbury, a protagonista embarca em
uma viagem de renovação cultural na cidadezinha que escolheu. Esse despertar
cultural é um grande choque para alguns, mas aos poucos, Florence, consegue ter
mais adeptos a sua ideia empreendedora, fruto dos potenciais literários em
abrir a mente para o mundo, uma grande janela para a alma.
Tudo em The Bookshop,
no original, é muito delicado e com um ritmo equilibrado. É uma adaptação forte
e consistente do livro de Fitzgerald. Os embates entre Violet e Florence são
ótimos e transparecem ao espectador todo o pensamento de uma época bastante
limitada quando pensamos em liberdade intelectual e empreendimentos inovadores em
uma sociedade que beira ao desconhecimento do mundo onde vivem.