26/12/2019

Crítica do filme: 'Coringa'


A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável. Essa famosa frase do suíço Rousseau exemplifica muito bem o que assistimos ao longo de 122 minutos de projeção. Coringa é antes de mais nada um retrato de nossa sociedade, que anda entre vales nebulosos onde o medo e as desilusões se tornam estopim para novos modos de pensar mas que também caminha para a maldade em mentes perturbadas. Dirigido pelo cineasta nova iorquino Todd Phillips e com uma atuação de gala de Joaquin Phoenix no papel principal, o filme, que já bateu recordes de bilheteria onde exibido, é um dos fortes candidatos a melhor filme do ano.

Na trama, ambientada na década de 80 na famosa Gotham City, conhecemos o jovem Arthur (Joaquin Phoenix), um trabalhador norte-americano que entre alguns bicos faz parte de uma empresa que seleciona palhaços para campanhas publicitárias de ruas e eventos pela cidade. Ele mora com sua mãe debilitada em um apartamento em uma zona violenta de Gotham e passa seus dias entre suas escritas para futuros stand up comedies e assistindo a um famoso programa de televisão (Talk Show) apresentado por Murray Franklin (Robert de Niro). Após ser ridicularizado, uma série de acontecimentos acabam despertando nele uma fúria incontrolável e ele começa sua trajetória de loucura transformando caoticamente para sempre sua cidade.

Eram peças complicadas de explicar, principalmente a transformação, o lado psicótico aflorado de Arthur e como ele se tornou um irrecuperável vilão, mas o roteiro consegue juntar tudo nesse tabuleiro de cerca de 120 minutos e apresenta os fatos através das atitudes expostas na tela com muito sangue e sentimento violento. A trilha sonora é fabulosa, da o tom certo a cada passo do personagem, suas imaginações se tornam peças de encaixe com aquilo que sua personalidade nos diz após seus filtros irem pelo espaço. Os traumas o derrotam e a todos a seu redor, ele é o estopim da violência em seu mais alto grau.

Era difícil. Quase impossível. Mas Phoenix conseguiu. Um dos longas mais aguardados do ano finalmente chegou aos cinemas semanas atrás. Cercado de expectativa, a união entre o maior vilão da história dos quadrinhos e o melhor ator de Hollywood torna Coringa um dos melhores filmes do ano, podendo classificar ele como cinema de arte, blockbuster, não importa, é um filmaço!