A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade
deprava-o e torna-o miserável. Essa famosa frase do suíço Rousseau exemplifica
muito bem o que assistimos ao longo de 122 minutos de projeção. Coringa é antes de mais nada um retrato
de nossa sociedade, que anda entre vales nebulosos onde o medo e as desilusões
se tornam estopim para novos modos de pensar mas que também caminha para a
maldade em mentes perturbadas. Dirigido pelo cineasta nova iorquino Todd Phillips e com uma atuação de gala
de Joaquin Phoenix no papel
principal, o filme, que já bateu recordes de bilheteria onde exibido, é um dos
fortes candidatos a melhor filme do ano.
Na trama, ambientada na década de 80 na famosa Gotham City,
conhecemos o jovem Arthur (Joaquin
Phoenix), um trabalhador norte-americano que entre alguns bicos faz parte
de uma empresa que seleciona palhaços para campanhas publicitárias de ruas e
eventos pela cidade. Ele mora com sua mãe debilitada em um apartamento em uma
zona violenta de Gotham e passa seus dias entre suas escritas para futuros
stand up comedies e assistindo a um famoso programa de televisão (Talk Show)
apresentado por Murray Franklin (Robert
de Niro). Após ser ridicularizado, uma série de acontecimentos acabam despertando
nele uma fúria incontrolável e ele começa sua trajetória de loucura
transformando caoticamente para sempre sua cidade.
Eram peças complicadas de explicar, principalmente a
transformação, o lado psicótico aflorado de Arthur e como ele se tornou um
irrecuperável vilão, mas o roteiro consegue juntar tudo nesse tabuleiro de
cerca de 120 minutos e apresenta os fatos através das atitudes expostas na tela
com muito sangue e sentimento violento. A trilha sonora é fabulosa, da o tom
certo a cada passo do personagem, suas imaginações se tornam peças de encaixe
com aquilo que sua personalidade nos diz após seus filtros irem pelo espaço. Os
traumas o derrotam e a todos a seu redor, ele é o estopim da violência em seu
mais alto grau.
Era difícil. Quase impossível. Mas Phoenix conseguiu. Um dos
longas mais aguardados do ano finalmente chegou aos cinemas semanas atrás. Cercado
de expectativa, a união entre o maior vilão da história dos quadrinhos e o
melhor ator de Hollywood torna Coringa
um dos melhores filmes do ano, podendo classificar ele como cinema de arte,
blockbuster, não importa, é um filmaço!