O que atinge o coração dos outros podem servir de aconchego para
a fonte da emoção. Buscando retratar com bastante delicadeza um pequeno
recorte, já na parte final da vida, da famosa atriz Judy Garland, o cineasta
britânico Rupert Goold contorna com
muita emoção as linhas do roteiro baseado na obra de Peter Quilter. No papel principal, a veterana atriz Renée Zellweger que consegue sua grande
atuação na carreira, por esse papel já ganhadora dos prêmios de Melhor Atriz em
Filme de Drama no Globo de Ouro 2020 e a estatueta de Melhor Atriz no Critics'
Choice Awards, se tornando praticamente eminente sua estatueta do Oscar desse
ano. Judy, se encaixa entre outros,
quando a atuação supera o filme.
Na trama, conhecemos os últimos meses de vida da impactante
atriz Judy Garland (Renée Zellweger) eternizada
pelo seu papel como Dorothy em O Mágico
de Oz (1939), em sua temporada de shows em Londres onde tentava recuperar a
carreira, ou pelo menos se sustentar já que passava por uma crise emocional e
financeira fruto de uma vida cheia de controle que culminou em suas viagens
pelo mundo do excesso de substâncias que fazem mal.
Delicado e com ritmo lento, Judy é um retrato de muitos artistas famosos que acabam nos
deixando por conta do descontrole em não conseguir achar seu caminho nesse
mundo tão rígido e implacável. Indo e voltando com pequenos flashs da época que
conseguiu seu primeiro (e o grande) trabalho de sua extensa carreira, aos
poucos vamos tentando entender a personalidade forte da atriz, mãe de três
filhos, inclusive Liza Minelli. A
questão da guarda dos filhos e as brigas com o ex-marido Syd (Rufus Sewell) também contornam a trama
dando uma pitada na questões sobre a saudade e a necessidade de conseguir se
estabelecer como artista.
Mas o grande destaque é mesmo a atuação de Renée Zellweger que aplica uma dose de
ternura e um gestual impressionante na sua Judy. Nesse ano com boas atuações
femininas em ótimos filmes, vai levar o Oscar pois caminhou pela emoção,
cantando e expressando muito pelo olhar.