A mudança do mundo destruído pelas palavras. Um cotidiano
das emoções em forma de declamações, um livro contado sobre a arte das emoções. Baseado
em fatos reais, mais precisamente do artigo de Tom Junod, Can You Say ...
Hero, Um Lindo dia na Vizinhança, que
estreou faz poucos dias no concorrido (por termos muito poucas salas) circuito
brasileiro de exibição, navega pelos sentimentos de forma bastante simples que
dão a entender algo parecido a original, as declamações de pensamentos nos
levam ao instantâneo ato de pensar sobre aquilo buscando referências em nossas
próprias vidas. No papel principal o ator Matthews
Rhys, em atuação apenas ok. No papel coadjuvante, nosso eterno Forrest. Tom Hanks é um ator diferenciado,
sempre em busca dos mais complexos personagens e sempre com maestria para nos
contar suas histórias. Somos sortudos por ser da mesma geração desse gênio da
arte de interpretar. A direção é da cineasta californiana Marielle Heller (do elogiado Poderia
Me Perdoar?).
Na trama, conhecemos um rabugento jornalista Lloyd Vogel (Matthew Rhys, do ótimo seriado The Americans) que após uma ordem de
sua chefe, precisa fazer um texto de 400 palavras sobre o famoso apresentador
de público infantil, Fred Rogers (Tom
Hanks). Conforme vai conhecendo mais a fundo seu entrevistado, o
protagonista começa a passar por mudanças profundas na sua forma de pensar e
expressar seus sentimentos, principalmente com o recém aparecido pai.
Um Lindo dia na
Vizinhança é um projeto peculiar que você precisa ser convencido que ele
pode ser uma boa experiência. Não deixa de ter também quebra de certos
paradigmas como o olhar para a câmera. A tal da inteligência emocional, a
partir da inspiração. Um Lindo dia na
Vizinhança é um filme que você precisa ser convencido que ele pode ser uma
boa experiência, isso pode acontecer. A paciência é um fator importante. Nas
imperfeições, a subtrama do protagonista e sua saga em reconciliar com seu pai
seja pouco profunda, quando Hanks sai de cena o filme dá umas despencadas, mesmo
Chris Cooper estando ótimo no papel
do pai do protagonista.
Onde ir onde quando a alma está ferida? Um fator
interessante é que há uma conversa franca com o espectador. Uma grande sessão
de terapia que ultrapassa as barreiras da telona. Muitos podem se identificar demais
com a história contada, sobre pais e filhos. Psicólogos, psicanalistas,
psiquiatras precisam assistir a esse filme. Gera um bom debate.