Os lamentos de dois corações amargurados pela natureza
melancólica. História de amor? Drama existencial? Críticas ao melodramático
viver? Classificar o novo filme do cineasta francês Cédric Klapisch (dos ótimos Albergue
Espanhol e Bonecas Russas) é
muito difícil, o que pode ser muito positivo para quem tem faro macro sobre a
ótica da vida. Não é um filme bonito, é um filme que se aproxima de muitas
almas na realidade, então, joga limpo, é despido de entrelinhas não decifráveis,
o gesto fala mais que muitas palavras. Há bloqueios para amar, outras
preocupações ocupam a mente desses jovens, sozinhos em uma cidade enorme como
Paris.
Na trama, conhecemos Melanie (Ana Girardot) e Remy (François
Civil), dois jovens que estão em Paris sozinhos tentando buscar novas
realizações profissionais, cada um de sua forma. Ela, pesquisadora farmacêutica,
ele, um funcionário de uma empresa grande que acaba de ganhar uma vaga em um
novo setor. Duas almas completamente diferentes mas que possuem a interseção da
melancolia diária, atolados de emoções que não conseguem decifrar. Assim, vamos
caminhando nessa crônicas dos tempos modernos onde o encontro é um mero
detalhe.
Para quem gosta de filmes redondinhos, que seguem as
cartilhas, mudem de opção na hora de escolher o que assistir. Encontros é
profundo, cheio de detalhes, foge do que achamos que vai acontecer a todo
instante. Surpreendente? Nem tanto mas com pitadas generosas de crises
existenciais que já vivemos ou já ouvimos de algum amigo ou conhecido. A
psicoterapia ganha bastante espaço nessa ótica moderna da depressão e seus
desenrolares, até mesmo o próprio doutor entra na melancolia e vira paciente em
determinado momento.
Surfa na onda de alguns outros filmes onde os protagonistas
não se encontram ou demoram para se encontrar, o roteiro foca em contar uma
história com duas óticas onde, de fato, vemos a bifurcação no ato final. Delicado,
o roteiro perde ritmo facilmente, o que pode incomodar aos menos sensíveis. Não
há um grande clímax, quem busca isso em um filme, também, pode descartar
assistir a esse. Nesse projeto, o que conta é o todo, dois caminhos em busca de
um mesmo objetivo: ser feliz.