Os desejos de um momento chave na vida de uma pessoa que
teve tudo na vida. Abordando um grave drama na vida de uma artista e suas
escolhas que se sucedem a partir do acontecido, o cineasta norte-americano Ira
Sachs volta às telonas, após um pequeno hiato de três anos, para dirigir mais
um ótimo elenco na carreira no indicado à Palma de Ouro em Cannes no ano
passado, Frankie. Pena que as peças não se encaixam, tentando dar leveza à profundidade
e melancolia que o momento da protagonista corresponde, Ira Sachs (dos excelentes O
Amor é Estranho e Deixe a Luz Acesa)
acaba nos aparentando uma bonita paisagem apenas e uma porção de diálogos
insossos com o grande elenco pouco inspirado. Sem dúvidas, uma das grandes
decepções do ano.
Na trama, conhecemos a famosa atriz francesa Françoise
Crémont, para os amigos íntimos Frankie (Isabelle
Huppert), que resolve se refugiar na belíssima cidade de Sintra, em
Portugal, chamando amigos e conhecidos de seu ciclo mais próximo para passar
com ela seus últimos momentos, já que a protagonista está com uma doença que
avança diariamente. Assim, conhecemos, entre outros, seu atual marido, o
ex-marido, seu filho, sua enteada e uma velha amiga que ela tenta de todas as
formas que fique com seu filho. Conforme os dias vão passando Frankie possui
momentos de diálogos sobre a situação dela com a maioria desses personagens.
Um dos defeitos desse projeto é nunca conseguir alcançar seu
clímax com força, na verdade até mesmo chegar no clímax acaba não conseguindo,
se tornando tedioso assistir a uma série de diálogos que não se encaixam nos
guiando a belas paisagens apenas. É como se estivéssemos assistindo a um
daqueles programas de viagens turísticas que passam de madrugada na televisão,
ou, aquele time de futebol que tem o domínio da bola, toca e toca mas não
consegue chutar no gol. As subtramas também não ganham seu devido valor,
deixando os potenciais coadjuvantes sumidos atrás dos desejos de manipulação da
protagonista. Uma grande decepção, em muitos sentidos.