Sempre teremos tudo aquilo que quisermos, mas, às vezes, só
o tempo dirá quando. Navegando pelo caótico universo capitalista e competitivo
que vivemos, somos testemunhas de mais um brilhante refém dos nossos tempos,
que consome sua vida de Workholic se cuidando mal e dando pouco valor a sua
família. Dirigido pelo cineasta francês Hervé
Mimran, em seu terceiro longa-metragem no currículo, Sem Palavras é um filme guiado por um assunto complexo mas que tem
no leme um dos mais habilidosos artistas do mundo, especialista em caminhar
entre o drama e a comédia de maneira elegante e muito carismática, o fantástico Fabrice Luchini. A melancolia que
estaciona entre alguns arcos deixa o filme pouco dinâmico mas com Luchini em
cena tudo pode mudar em minutos, ele puxa para si a responsabilidade de
emocionar. E consegue. A história é inspirada no livro J'étais un homme pressé de Christian
Streiff. ex-CEO da Airbus e da Peugeot Citroen.
Na trama, ambientada na mais famosa cidade francesa e seu
enorme centro egocêntrico de concorrência coorporativa, conhecemos o brilhante
professor e homem de negócios Alain Wapler (Fabrice Luchini) que passa mais tempo no trabalho do que em casa,
tendo pouca proximidade com a filha, principalmente após a perda da esposa.
Durante uma semana corrida e cansativa, Alain tem um AVC que afeta seu cérebro
na região da memória e onde grava palavras, assim, precisa passar um tempo
longe do trabalho para se recuperar e conta com a ajuda de sua filha Julia (Rebecca Marder) e da Fonoaudióloga
Jeanne (Leïla Bekhti). Com o passar
dos dias Alain percebe que sua vida entrou em uma grande e inesperada mudança.
O ritmo acelerado do início é para marcar o território da
personalidade forte do protagonista, praticamente um extenso tapete vermelho que
ligará os pontos no futuro com a intensa transformação que passa o personagem
principal ao longo dos 100 minutos de projeção. Como já comentado, os arcos
variam muito, há uma tríade criada com a chegada de Jeanne importante que
mostra um pouco além da ótima personagem, seus dramas no campo amoroso e na
descoberta maternal.
Recheado de analogias, fator super positivo, em uma cena
específica, quase sem palavras muito se diz, nessa, há uma belíssima comparação
fina entre a letra de uma canção emblemática, inclusive a cena do filme que tem
essa música aparece, nos guiando a preencher lacunas e a pensar, será que agora
o pai lidará com a possibilidade de melhorar o relacionamento com sua única
filha? Veja o filme e saberá a resposta! Vale por Luchini.