Toda semana estamos colocando entrevistas e curiosidades de
amantes da sétima arte espalhados pelo Brasil. Apaixonados por cinema que usam
parte de seu tempo diário amando a sétima arte. Na coluna de hoje,
entrevistamos uma das mais fantásticas mentes quando pensamos em várias esferas
do audiovisual, o nosso convidado é um grande estudioso sobre exibição em
cinema e também um dos grandes cinéfilos desse nosso imenso país. Guilherme Tristão, a quem eu
carinhosamente chamo de ‘mestre’ é um dos coordenadores de programação de
várias edições do Festival do Rio de Cinema, assistente da direção do Centro de
Artes (Ceart) da UFF, coordenador do Festival Brasileiro de Cinema
Universitário, realizado anualmente no Rio de Janeiro, fora as dezenas de
outros projetos que ele participa a cada ano dentro do mercado audiovisual
nacional. Dono de um humor peculiar, lembro-me com muito carinho de inúmeras
conversas sobre filmes nas mesinhas elegantes de um dos cinemas mais lindos do
brasil: O Reserva Cultural Niterói.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
CINE ARTE UFF -
uma sala decididamente alternativa, e só lá pode-se assistir filmes que não vão
ser exibidos em lugar mais nenhum, especialmente brasileiros artesanais e/ou
autorais.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
O primeiro que me trouxe esse fascínio foi O BAGUNCEIRO ARRUMADINHO (The Disordely Ordely), de e com Jerry Lewis, de quem me tornei fã.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Federico Fellini
/ ROMA. Mas, meu filme preferido é A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (It's a Wonderful Life) de Frank Capra.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
TERRA EM TRANSE. Delirante,
cenas incríveis, politicamente complexo e atual.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Ter uma intensa curiosidade por qualquer tipo de filme que
pareça ter um mínimo de qualidade.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas
que entendem de cinema?
Bem, depende do que se entende por 'entender de
cinema": acho que há programadores que entendem o que é popular; outros
entendem o que emociona as pessoas; outras o que são filmes de exceção; outros
que entendem o que são filmes mais sofisticados; ainda há os que conhecem a
história do cinema, os grandes clássicos e diretores. A depender do objetivo de
determinada sala, ela pode ter ou não programadores que atendam esses
objetivos. Acho que a maioria das salas que conheço tem gente apropriada para o
seu perfil.
7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?
Acho praticamente impossível, especialmente se HOLLYWOOD
continuar existindo, com seu marketing e constante inovação tecnológica.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Respondendo, sem pensar muito: CABARÉ
BIBLIOTEQUE PASCAL (Bibliotèque
Pascal), de Szabolcs Hadju. Há
pouco vi um obscuro (acho!) filme russo que adorei: A RUSSIAN YOUTH, de Alexander
Zolotukhin (discípulo do Sukurov).
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Não. Eu, particularmente, não vou se abrir antes. Se as
mortes no estado caírem para menos de 5 por mês, vou pensar! Mas gosto muito de
STREAMING!!!
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
O grande destaque (parece chavão, mas não é) é a diversidade
de propostas. Sinto falta, no entanto, de filmes mais interessantes para a
classe média, produções comerciais, de maior qualidade, com roteiros mais bem
feitos, tipo QUE HORAS ELA VOLTA, BEIJO
NO ASFALTO (nova versão), O FILME DA
MINHA VIDA...filmes que evitam fórmulas ou clichês.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
A rigor não tenho esse tipo de artista no Brasil, mas já fui
MUITO curioso pelos filmes de Sérgio
Bianchi e, hoje, tenho curiosidade pelos filmes do Esmir Filho, mas não gostei de seu último longa (ALGUMA COISA ASSIM).
12) Defina cinema com
uma frase:
'Espetáculo' audiovisual para grande público.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.
Ao ver TERREMOTO
no sistema SENSURROUND no Roxy, na época da estreia, houve um
defeito no sistema de som numa das cenas tranquilas do filme: um BUM gravíssimo
e alto, vindo da parte de trás direita do cinema. O Sensurround era um sistema
com um são tão grave que você não só 'ouvia' como sentia no corpo as vibrações
graves do som. Bem quando deu esse BUM acidental, metade do cinema se levantou
em pânico sem saber o que fazer. Depois a risada foi geral e o excitamento geral
aumentou!