06/09/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #84 - Fernando Labanca


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje tem 29 anos é cinéfilo, formado em design gráfico. Fernando Labanca desde muito tempo carrega em si uma grande paixão pelo cinema. Nasceu assim, sua necessidade de falar sobre, dividir com outras pessoas tudo o que gosta de dizer sobre a sétima arte. Ainda exerce a função de designer profissionalmente, mas nas horas vagas cria conteúdo para a página Pseudo Crítico, no Facebook, Instagram e no site onde posta suas críticas (https://pseudocritico.com/).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Raramente vou no cinema aqui em Osasco, principalmente por ser do lado de São Paulo e lá tenho melhores opções. Porém, a rede Kinoplex é a única de Osasco a ainda oferecer sessões legendadas, ainda que sejam apenas blockbusters...então quando acontece de ter algum filme de meu interesse e legendado, é lá que eu vou.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acredito que tenha sido O Sexto Sentido, do M.Night Shyamalan. Era bem novinho quando assisti, mas foi o primeiro filme que me deu um real impacto. Um misto de sensações que ia do medo à comoção.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

São muitos diretores favoritos, mas vou citar Paul Thomas Anderson, pela completa excelência. O meu favorito dele é Magnólia, por ser um drama eletrizante e ter me feito sentir prazer por suas perfeitas 3 horas de duração.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Fico com Aquarius pelas tantas sensações que me permitiu sentir. Gosto muito do roteiro do filme e como toda a tensão vai sendo construída, além de ter um ótimo elenco e diálogos marcantes que ecoaram por muito tempo na minha cabeça.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ter prazer em assistir filmes, curiosidade por descobrir coisas novas e saber apreciar aquilo que encontra. É estar disposto a dedicar algumas horas da rotina a ver algo e manter a mente aberta ao que vier. E permitir que a experiência do cinema vá além dos créditos finais, absorvendo, pesquisando e conhecendo mais sobre aquilo que viu.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Na grande maioria, acredito que não. Acredito que sejam pessoas mais interessadas nos valores que aquela programação vai gerar e conhecedoras do público que atende, não necessariamente profissionais que entendem de cinema.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Olha, até antes da pandemia eu achava esse questionamento um absurdo, mas acho que esses meses provaram que a população vive sem cinema - não sem a arte, não sem os filmes - mas sem aquela estrutura que projeta aquilo que hoje temos facilmente acesso dentro de nossas próprias casas. Talvez demore muitos anos, mas já não acho isso impossível, no entanto, torço muito para que isso não aconteça! 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Vou citar um que descobri recentemente e, de fato, nunca vi ninguém falando sobre: O Mistério de Silver Lake. Um filme de 2018 protagonizado pelo Andrew Garfield. É uma bagunça bem bolada, eu diria. Divertido, ousado e insanamente inteligente...me lembrou o Lynch e esse é o maior elogio que posso fazer.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eu sou contra. Ir ao cinema, por mais prazeroso que seja, não é uma atividade essencial. Ainda mais com o avanço significativo do streaming aqui no Brasil, penso que devem ser pensadas outras formas de levar os filmes ao público e juntar galera desconhecida em um lugar fechado - antes da vacina - não é uma delas.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu sempre fui defensor do que é produzido aqui, gosto e admiro muitos cineastas brasileiros. É um cinema de alta qualidade sim, mas confesso que ainda acho muito limitado em muitas questões, que ainda ousa pouco nos formatos, gêneros e públicos a serem alcançados. Por muito tempo achei que era apenas um problema de investimento, mas depois vi que infelizmente muitas das pessoas envolvidas na produção nacional estão mais interessadas no próprio ego do que na experiência que levará ao público.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gosto muito do trabalho do Irandhir Santos, costumo ver o que ele faz. Na direção, sou fascinado por Karim Aïnouz, estou sempre de olho no que ele está produzindo.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Um reflexo do que somos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Uma das experiências mais constrangedoras que vi dentro de uma sala de cinema, foi quando, na minha adolescência, fui assistir Os Estranhos com uma amiga e durante quase todo o filme, ficamos ouvindo um ranger de poltronas logo atrás de nós. Até que, antes do término da sessão, um casal se levantou, descaradamente, ajeitando as roupas.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Um marco na cultura brasileira.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Acredito que se for cinéfilo deve ajudar bastante porque isso, inconscientemente, torna o profissional com mais referências e inspirações. Mas por ser uma posição muito técnica, não acho que esse fator deva ser necessário para que ele desempenhe um bom trabalho se ele já tiver conhecimento essencial para tal função.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não sei se é o pior, mas se eu pudesse desver um filme com certeza seria A Serbian Film.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Three Identical Strangers. Explodiu minha cabeça e me fez ter a certeza de que a realidade consegue ser mais absurda e bizarra que a ficção.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Não e morro de vergonha quando as pessoas batem.   

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação, belíssima parceria entre Spike Jonze e Charlie Kaufman.