O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nosso entrevistado de hoje tem 29 anos é cinéfilo, formado
em design gráfico. Fernando Labanca
desde muito tempo carrega em si uma grande paixão pelo cinema. Nasceu assim, sua
necessidade de falar sobre, dividir com outras pessoas tudo o que gosta de
dizer sobre a sétima arte. Ainda exerce a função de designer profissionalmente,
mas nas horas vagas cria conteúdo para a página Pseudo Crítico, no Facebook, Instagram e no site onde posta suas
críticas (https://pseudocritico.com/).
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Raramente vou no cinema aqui em Osasco, principalmente por
ser do lado de São Paulo e lá tenho melhores opções. Porém, a rede Kinoplex é a única de Osasco a
ainda oferecer sessões legendadas, ainda que sejam apenas blockbusters...então
quando acontece de ter algum filme de meu interesse e legendado, é lá que eu
vou.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Acredito que tenha sido O
Sexto Sentido, do M.Night Shyamalan.
Era bem novinho quando assisti, mas foi o primeiro filme que me deu um real
impacto. Um misto de sensações que ia do medo à comoção.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
São muitos diretores favoritos, mas vou citar Paul Thomas
Anderson, pela completa excelência. O meu favorito dele é Magnólia, por ser um drama eletrizante e ter me feito sentir prazer
por suas perfeitas 3 horas de duração.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Fico com Aquarius
pelas tantas sensações que me permitiu sentir. Gosto muito do roteiro do filme
e como toda a tensão vai sendo construída, além de ter um ótimo elenco e
diálogos marcantes que ecoaram por muito tempo na minha cabeça.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
É ter prazer em assistir filmes, curiosidade por descobrir
coisas novas e saber apreciar aquilo que encontra. É estar disposto a dedicar
algumas horas da rotina a ver algo e manter a mente aberta ao que vier. E
permitir que a experiência do cinema vá além dos créditos finais, absorvendo,
pesquisando e conhecendo mais sobre aquilo que viu.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
Na grande maioria, acredito que não. Acredito que sejam
pessoas mais interessadas nos valores que aquela programação vai gerar e
conhecedoras do público que atende, não necessariamente profissionais que
entendem de cinema.
7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?
Olha, até antes da pandemia eu achava esse questionamento um
absurdo, mas acho que esses meses provaram que a população vive sem cinema -
não sem a arte, não sem os filmes - mas sem aquela estrutura que projeta aquilo
que hoje temos facilmente acesso dentro de nossas próprias casas. Talvez demore
muitos anos, mas já não acho isso impossível, no entanto, torço muito para que
isso não aconteça!
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Vou citar um que descobri recentemente e, de fato, nunca vi
ninguém falando sobre: O Mistério de
Silver Lake. Um filme de 2018 protagonizado pelo Andrew Garfield. É uma bagunça bem bolada, eu diria. Divertido,
ousado e insanamente inteligente...me lembrou o Lynch e esse é o maior elogio que posso fazer.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Eu sou contra. Ir ao cinema, por mais prazeroso que seja,
não é uma atividade essencial. Ainda mais com o avanço significativo do
streaming aqui no Brasil, penso que devem ser pensadas outras formas de levar
os filmes ao público e juntar galera desconhecida em um lugar fechado - antes
da vacina - não é uma delas.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Eu sempre fui defensor do que é produzido aqui, gosto e
admiro muitos cineastas brasileiros. É um cinema de alta qualidade sim, mas
confesso que ainda acho muito limitado em muitas questões, que ainda ousa pouco
nos formatos, gêneros e públicos a serem alcançados. Por muito tempo achei que
era apenas um problema de investimento, mas depois vi que infelizmente muitas
das pessoas envolvidas na produção nacional estão mais interessadas no próprio
ego do que na experiência que levará ao público.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Gosto muito do trabalho do Irandhir Santos, costumo ver o que ele faz. Na direção, sou
fascinado por Karim Aïnouz, estou
sempre de olho no que ele está produzindo.
12) Defina cinema com
uma frase:
Um reflexo do que somos.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Uma das experiências mais constrangedoras que vi dentro de
uma sala de cinema, foi quando, na minha adolescência, fui assistir Os Estranhos com uma amiga e durante
quase todo o filme, ficamos ouvindo um ranger de poltronas logo atrás de nós.
Até que, antes do término da sessão, um casal se levantou, descaradamente,
ajeitando as roupas.
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras…
Um marco na cultura brasileira.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Não necessariamente. Acredito que se for cinéfilo deve
ajudar bastante porque isso, inconscientemente, torna o profissional com mais
referências e inspirações. Mas por ser uma posição muito técnica, não acho que
esse fator deva ser necessário para que ele desempenhe um bom trabalho se ele
já tiver conhecimento essencial para tal função.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Não sei se é o pior, mas se eu pudesse desver um filme com
certeza seria A Serbian Film.
17) Qual seu
documentário preferido?
Three Identical
Strangers. Explodiu minha cabeça e me fez ter a certeza de que a realidade
consegue ser mais absurda e bizarra que a ficção.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Não e morro de vergonha quando as pessoas batem.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Adaptação,
belíssima parceria entre Spike Jonze
e Charlie Kaufman.