08/09/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #87 - Calebe Lopes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é baiano, de Salvador. Calebe Lopes faz parte da Olho de Vidro Produções como diretor, roteirista e montador. Realizou curtas-metragens como A Triste Figura (2018) e Pelano! (2019), exibidos e premiados em dezenas de festivais, entre eles Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Curta Cinema e Mostra do Filme Livre. Interessado no cinema de gênero, em especial o cinema fantástico, possui um blog onde posta entrevistas com realizadores, críticas e ensaios textuais: https://medium.com/calebelopes

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui o Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha é o que melhor une essa ideia de um cinema de rua com uma programação vasta. O ambiente é bonito, charmoso, as salas são bem equipadas e a programação consegue alinhar muito bem um cinema dito comercial com um cinema "de arte", sempre oferecendo um bom panorama do que tem sido feito no mundo e distribuído no Brasil.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Talvez tenha sido Psicose. Tive uma sessão memorável numa madrugada assistindo ao filme pela primeira vez, na TV de casa, no início da adolescência. Senti medo, tensão e tomei susto. Eu não era acostumado a ver filmes de terror na época, então aquilo tudo me levou a uma nova percepção do que o cinema podia fazer.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Alfred Hitchcock. Meu filme favorito dele é meu filme favorito da vida: Um Corpo Que Cai.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cabra Marcado Para Morrer. Acho que é um marco do cinema documental nacional, um filme que nasce como ficção que já se utilizava de elementos documentais em sua narrativa e, por interferência do mundo externo, é interrompido e volta a ser realizado como documentário. A maneira como Coutinho rege esses dois registros enquanto conta a história daquela família despedaçada é impactante. Me parece um filme só possível de ser feito no Brasil.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho que amar o cinema, apenas. No meu caso, foi uma das coisas que mais me deu propósito na vida, porque descobri o prazer não apenas para assistir mas fazer filmes. A droga do cinema é viciante.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A maior parte talvez seja exagero, visto que a maioria das salas que conheço são de cinemas de shopping, onde a ideia de programação não passa tanto por um desejo de curadoria, e sim de retorno financeiro.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Muito provável que não. Talvez reduzam bastante, mas dificilmente a experiência conjunta da sala escura sumirá, ao meu ver. Acho que será diluída, talvez acrescentada a outras experiências.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Boro in the Box, dirigido por Bertrand Mandico. Uma bela fábula repleta de desejo por cinema.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

De jeito nenhum.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Talvez seja um dos mais diversos do mundo. Temos progredido cada vez mais, graças às políticas públicas de fomento à cultura e à formação profissional Brasil afora.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gabriela Amaral Almeida.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Ver e mostrar nunca visto.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu chorei feito criança ao fim de Vingadores Ultimato (sim, eu sou essa pessoa) e estranhos de poltronas atrás vieram me perguntar se estava tudo bem. Foi fofo e vexaminoso.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Eu.

Nunca.

Assisti.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Para dirigir um filme, talvez não. Para dirigir bons filmes, muito provável que sim. Cinema feito sem amor pelo cinema é estéril.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não consigo lembrar de exatamente um que seja o pior de todos, mas sempre que penso em filme ruim me vem à mente Os Seis Ridículos, original Netflix cometido por Frank Coraci e responsável pelas duas horas mais dolorosas de minha existência.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Edifício Master.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Sim. Basta as pessoas na sessão baterem que eu não resisto e sigo o bonde.