07/09/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #86 - Carolina Dib


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, graduada em Publicidade e propaganda pela faculdade Gama Filho e pós graduada em Tv, Cinema e Midias Digitais pela UFJF. Carolina Dib foi diretora, coordenada e assistente de direção de diversos projetos ligados ao audiovisual, como no longa-metragem O Sonho de Rui de Cavi Borges. Para falar um pouco sobre suas preferências cinéfilas, fomos conversar com ela para esse especial.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui em Juiz de Fora, ficamos sem os cinemas de rua. Restam apenas as salas Multiplex, com os blockbusters e raras exceções de filmes nacionais e de arte... No Rio, Circuito Estação Botafogo, Espaço Itaú de Cinema e Cine Joia, todos com um cardápio de filmes de arte, europeus e brasileiros imperdíveis!

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que assisti foi Fantasia da Disney, no belíssimo Cine Theatro Central em Juiz de Fora. Me lembro do colorido, das imagens, e vi que ali tinha um encantamento... Mas o filme que realmente me tocou foi Os Saltimbancos Trapalhões (1981).  Ali eu tive a certeza que eu queria fazer parte de tudo isso...

 

 3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Frederico FelliniA Estrada da Vida.

 

 4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

São quatro: Rio 40 Graus, pela riqueza da narrativa cinematográfica, com sucessão de planos gerais belíssimos, o filme Central do Brasil, pela grandeza de Fernanda Montenegro e por retratar com fidelidade a realidade do povo brasileiro, Os Fuzis, do mestre Ruy Guerra, pelo impacto e toda sua linguagem cinematográfica e Leila Diniz (1987), de Luiz Carlos Lacerda, pela oportunidade de conhecer a história desta mulher percussora e revolucionária, feito com muita maestria.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cineasta é antes de tudo pensar sobre a importância do cinema como instrumento de reflexão... É uma arte de transformação... cada filme assistido abre espaço para um novo olhar sobre a vida cotidiana. 

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Poucas salas de cinema possuem uma programação criteriosa. A maioria das salas de cinema visam somente o comercial, e não em levar um cinema de qualidade para o grande público.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Jamais!!!  O cinema nunca perderá sua majestade! Mesmo com todo crescimento de diferentes plataformas de streaming, a experiência das salas de cinema, em assistir à um filme na tela com outras pessoas, este evento fílmico nunca deixará de existir...

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Balão Vermelho, um filme francês de 1956, dirigido por Albert Lamorisse.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho muito complicado! Saúde em primeiro lugar!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu vejo um cenário muito promissor, com muita gente nova chegando! Sou muito fã do cinema de Pernambuco. Assisti muitos curtas de uma leva bem criativa do Festival CurtaTaquary Online, do Alexandre Soares. Estive no primeiro festival em 2006, e pude ter contato com vários diretores, artistas pernambucanos e percebi a riqueza e explosão do nosso cinema! É um cinema muito forte e vem crescendo muito! E não posso deixar de dizer também do trabalho e incentivo que o Cavi Borges faz com novos cineastas! Vem muita coisa boa por ai!

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Kleber Mendonça Filho.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é cachoeira (Humberto Mauro).

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Foi uma sessão do filme Aquarius, no Espaço Itaú, com uma plateia que vibrava, batia palma, cantava, foi uma energia muito diferente! Nunca tinha assistido um filme assim! No final, as pessoas se levantaram e aplaudiram o filme de pé! Eu chorei, é claro!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Eu não assisti, mas deve ser surpreendente!!! Kkkkk

 

15)  Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que é natural, até porque quando você faz um trabalho que você ama, aquilo está presente o tempo todo! É uma necessidade! Mais esta intensidade é diferente pra cada pessoa! As vezes um filme de Fellini basta pra mim por um longo tempo...  Já em outras, elas sentem a necessidade de assistir vários filmes, todos os dias! Isto depende muito!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não existe um filme ruim! O que pode ser ruim pra mim, para outra pessoa pode ter outro significado! O que podemos chamar de ruim é quando um filme apresenta uma sucessão de erros técnicos, de edição e acaba quebrando a diegese...

 

17) Qual seu documentário preferido?

O País de São Saruê (1971) de Vladimir Carvalho e Santiago (2007) de João Moreira Salles.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Aquarius e Bacurau!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Cidade dos Anjos (1998).