O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo e um grande estudioso
do cinema brasileiro. Igor Nolasco é graduando em Cinema e Audiovisual na ESPM
Rio. É diretor e roteirista de filmes em curta-metragem, crítico de cinema no
portal Plano Aberto, colunista na revista Badaró e no portal Quinquilharia.
Também é colaborador da revista Contrabando.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
O Cine Arte UFF é
imbatível nesse sentido. Rua Miguel de Frias, em frente à praia de Icaraí. Sua
programação merece destaque pela diversidade e pela qualidade. Já vi de tudo
lá. Filmes de maior apelo comercial, que geralmente são exibidos nos grandes
circuitos multiplex, como Homem-Aranha
no Aranhaverso e Viva: A Vida É Uma
Festa, e filmes que tiveram pouquíssimas janelas de exibição fora das
grandes capitais, como A Moça do
Calendário e Antes o Tempo Não
Acabava.
Niterói é uma cidade que vive à sombra do Rio de Janeiro em
muitos sentidos, então nem sempre os filmes que passam em salas como o Espaço Itaú e o Estação Botafogo chegam aqui. O Cine Arte UFF é a melhor janela que Niterói tem, nesse sentido. É
um cinema relativamente pequeno, apenas uma sala, feita no prédio do antigo
Cassino Icaraí. Fundado, inclusive, pelo grande Nelson Pereira dos Santos. Os programadores de lá precisam encaixar
uma variedade imensa de títulos dentro da rotina de apenas uma sala. É um
trabalho árduo.
Tive grandes momentos na sala do Cine Arte UFF. Vi grandes filmes. Mostras com os filmes de Glauber Rocha, Ingmar Bergman, Nelson
Pereira dos Santos. Exibições 35mm de Lavoura
Arcaica, Rio, Zona Norte, Boca de Ouro, Memórias do Cárcere. Sessões de Nosferatu, A General e Metrópolis com acompanhamento musical
feito ao vivo por orquestras. Sessões incríveis, que guardo com muito carinho
em minha memória.
O Paulo Máttar e
a equipe do Cine Arte UFF merecem
toda a gratidão da cinefilia da cidade. É preciso ressaltar que é um cinema
público, mantido pela Universidade Federal Fluminense. Isso é muito importante.
Os ingressos são os mais baratos da cidade.
2) Qual o primeiro filme
que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Difícil dizer. Tive muitos momentos marcantes envolvendo
cinema, conheci minha companheira convidando-a para uma sessão de La Strada, por exemplo. Não foi uma
ideia muito inteligente, saímos do filme arrasados com o baque que é aquele
filme agridoce do Fellini. Mas acabamos ficando juntos.
Muitas sessões me marcaram desde a infância, mas acho que
uma sessão que realmente me fez repensar o quanto o espaço da sala de cinema
pode acrescentar enquanto uma grande experiência espectatorial foi a de Apocalypse Now, que assisti no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de
Janeiro.
Fui com dois amigos. Ao fim da sessão, todos – não só nós
três, todos os presentes mesmo – estavam profundamente abatidos. Ninguém
pegando o celular pra ver mensagem, ninguém pegando a bolsa e saindo, ninguém
conversando com o amigo ao lado sobre qual bar ir para conversar sobre o filme.
Todos de cabeça baixa, o olhar pesado enquanto os créditos finais rolavam e as
luzes se acendiam. Foi ali que percebi que cinema é um lugar diferente.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Não sei se, hoje em dia, tenho um diretor favorito. Mas se
for para citar um cineasta e um filme dele pra ilustrar meu gosto, fico com
Nelson Pereira dos Santos e sua obra-prima "Rio, Zona Norte".
4) Qual seu filme nacional
favorito e porquê?
Eu teria que responder, novamente, Rio, Zona Norte. É um marco no nosso cinema. O que o Nelson faz
aqui é único. Ele joga uma luz sobre uma questão flagrante da indústria
cultural brasileira: a arte legítima, feita pelo popular, pelo intelectual
orgânico (e no caso do filme, com o samba, feita pela população negra,
periférica) é tomada de assalto pelo mercado, representado por empresários
astuciosos e mal intencionados, destituída de quem a criou e vendida de forma
higienizada e massificada.
O Nelson faz tudo isso com um poder nas imagens, dentro de
um estilo que o Glauber Rocha viria a chamar de "neorrealismo
carioca", e conta com uma performance belíssima do Grande Otelo, que
atuava como ninguém tanto em comédia quanto em drama. Tem sequências
inesquecíveis, como o momento no qual o personagem do Grande Otelo escuta um samba que escreveu, tendo como base uma
tragédia pessoal, sendo cantado pela Ângela
Maria, que interpreta a si mesma no filme. Sublime.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
É sempre estar buscando se aprofundar naquilo que você ama,
se aprofundar no cinema. Sair da superfície. A superfície é ótima, nada contra
um blockbuster bem feito. Mas é um tipo de cinema que domina o parque exibidor
(e o gosto de quem frequenta o parque exibidor, por consequência). Se você vai
no cinema multiplex da sua cidade e lá só passa filmes de Hollywood com
orçamentos de milhões de dólares, é só isso o que você vai ver, seu gosto vai
ser voltado para isso e ditado por isso. De certa forma acho que o amor pelo
cinema estimula o espectador a buscar mais.
Desenvolver uma vontade de me aprofundar no cinema
brasileiro foi algo que sinto que me ajudou muito nesse sentido. Conhecer a
história cinemática do país ao qual pertenço, descobrir cineastas brasileiros
geniais e os grandes filmes feitos por eles. Mas não é só isso, lógico.
Eu amo cinema brasileiro. Sou crítico de cinema, e enquanto
crítico, escrevo apenas sobre filmes nacionais, porque sinto que há uma lacuna
na crítica em relação ao cinema brasileiro. Tem críticos que escrevem textos
excelentes sobre cinema brasileiro, como o Filipe
Furtado, mas sinto que a maioria da crítica ainda se interessa mais pelo
cinema da Europa ocidental, por Hong Kong, pela Coréia e pelo cinema
independente estadunidense. Nada de errado com isso, lógico, todos esses
lugares são expoentes de grandes filmes. Mas pessoalmente, prefiro olhar para o
que está por aqui, no Brasil.
Com isso você acaba tendo mais espaço pra escrever. Se você
quer escrever sobre Orson Welles, por exemplo, você vai estar escrevendo sobre
um assunto saturado. Há um quantidade incalculável de escritos sobre Orson Welles, sobre todos os aspectos
de sua obra; escritos em todas as línguas modernas conhecidas pelo homem.
Agora, pegando um diretor brasileiro que era obcecado pelo Welles, que é o Rogério Sganzerla. É um cineasta bem
conhecido, muito já foi escrito sobre ele. Mas não tem comparação o número de
textos, livros, sobre Orson Welles e
sobre Rogério Sganzerla. Se você escreve sobre Sganzerla, tem mais chance de
estar escrevendo algo digno de nota, de estar elaborando alguma visão acerca de
sua obra ainda não expressada em texto, de estar fazendo alguma observação
nova, do que se você escrever sobre Welles.
Mas não vejo só filmes brasileiros. Ver só filmes
brasileiros seria outra forma de me limitar. Então tento assistir de tudo, me
aprofundar em tudo o que está ao meu alcance e dentro do meu interesse. Cinema
de múltiplos países, feito por múltiplos diretores, filmes de múltiplas épocas.
Acho que o amor pelo cinema, no fim das contas, é isso. É a celebração da
variedade de visões dentro de uma mesma arte, e a paixão de descobrir essas
visões.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
"Entender de cinema" é muito relativo. Olha, vou
dizer a impressão que eu tenho. Eu acho que os programadores de cinema, em
geral, são pessoas que precisam ter um olhar mercadológico muito forte acerca
das atividades de uma sala de cinema, porque querendo ou não a sala de cinema é
um negócio. Custa caro. Luz, ar-condicionado, pessoal, aluguel do espaço, tudo.
No que se refere a bilheteria, uma parte considerável do dinheiro que entra não
vai para quem mantém a sala, mas sim para as companhias que disponibilizam os
filmes. Um cinema multiplex de shopping center se sustenta não por bilheteria,
mas pelos combos de pipoca e refrigerante sendo vendidos a preços exorbitantes
nas bombonieres e coisas do gênero.
Dessa forma, as pessoas que estão por trás do multiplex
precisam de muita gente no cinema para que ele seja um negócio rentável. E como
é que fazem isso? Programando os filmes que dão mais público, lógico. A conta é
simples. Mesmo quem busca se aprofundar no cinema para além da superfície
precisa entender isso. O cinema precisa se bancar. Se um multiplex de shopping
exibir só os filmes de um cinema dito "de arte" como o Estação
Botafogo e o Espaço Itaú do Rio de Janeiro passam, ele fecha as portas em dois
meses. O multiplex lida com um público mais diverso, um público mais geral,
enquanto o cinema "de arte" lida com um público de nicho.
Mercadologicamente falando, os cinemas "de arte" são bem menos
rentáveis, todo mundo sabe disso.
No fim das contas, acho que tentar traçar um perfil para o
programador de cinema com base no que é exibido nas salas não é muito efetivo.
Um programador de multiplex pode ser apaixonado por cinema. Pode ter Lav Diaz e James Benning como seus diretores favoritos. Nada disso importa,
porque se ele exibir exclusivamente o tipo de filme que ele gosta ali, o
negócio dele não rende, e precisa render, porque no fim do mês as contas
chegam. As contas são irredutíveis e não se importam com o seu gosto pessoal.
Essa é a dura realidade.
7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?
De maneira alguma. Pode ser que acabem para o público geral,
no sentido que conhecemos hoje, salas multiplex que exibem estreias da semana.
A cultura da sala de cinema, no entanto sempre continuará entre grupos de
nicho. Entre quem tem interesse em se aprofundar mais no cinema, prevalece a
cultura da espectatorialidade coletiva, da experiência de se assistir a um
filme e debatê-lo. Seguindo esse raciocínio, os cinemas ditos "de
arte" e as cinematecas continuariam mesmo com o fim das redes multiplex,
enquanto houver cinema nos moldes tradicionais.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Jardim de Guerra.
É o primeiro longa-metragem do Neville
D'Almeida, que é um cineasta brasileiro genial. O filme foi lançado em
1968, e a versão que existe disponível por aí infelizmente foi objeto de uma
série de cortes por parte da Censura da ditadura militar. Ainda assim, essa
subtração de trechos não tira do filme o seu poder, suas virtudes em linguagem
e em discurso, mesmo que as partes mais diretas nesse sentido tenham sido
cortadas.
Tive a oportunidade de assistir a versão sem cortes do filme
em uma sessão na Cinemateca do MAM.
Cópia 35mm, a única que sobreviveu à Censura. É um dos filmes da minha vida.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Não.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Acho o cinema brasileiro um dos melhores cinemas do mundo,
tanto historicamente quanto atualmente. Hoje a produção é mais diversa,
proveniente de diversos pontos do Brasil, que é um país imenso, continental.
O cinema brasileiro como o conhecemos atualmente,
institucionalizado e amparado por políticas públicas, já está aí há quase vinte
anos. A Agência Nacional do Cinema tem quase vinte anos. Ainda assim, apenas
nesse ano, 2020, o estado de Alagoas lançou o seu primeiro longa-metragem feito
por um edital, que é o Cavalo, de Rafhael Barbosa e Werner Salles.
Dentre as primeiras tentativas de se fazer cinema no Brasil,
tivemos filmes feitos em Pelotas, Recife e Cataguases, por exemplo, que são
lugares pouco óbvios. Isso durante o que hoje é definido como o período dos
"ciclos regionais". Depois disso, com as tentativas de se fazer cinema
de estúdio no Brasil, espelhando-se em Hollywood, porém com muito menos
dinheiro, o cinema brasileiro acabou fincando suas raízes nas duas capitais
financeiras do país, que são Rio e São Paulo. Isso ocorreu porque, querendo ou
não, era onde tinha gente com capital pra bancar tentativas de se fazer filmes
no Brasil, que era uma tarefa inglória, com pouco ou nenhum retorno.
Por mais que o Cinema Novo, que era um tipo de cinema feito
sob uma lógica de produção completamente oposta ao cinema de estúdio, estendesse
seus membros para além do eixo Rio-SP, ele ainda era centrado no Rio de
Janeiro. O Nelson Pereira dos Santos
costumava dizer que "Cinema Novo é quando o Glauber [Rocha] está no
Rio". Mesmo depois dos anos 1960 essa centralização em Rio-SP perdurou.
Nunca se deixou de se fazer bom cinema ao redor do Brasil, mas era
incontornavelmente um cinema feito com menos dinheiro e que chegava a menos
gente.
Essa barreira só foi ser superada a partir do período que
hoje chamamos de "retomada", entre o final dos anos 1990 e o começo
dos anos 2000, com a criação de leis de incentivo, políticas públicas, editais.
Isso pluralizou muito a produção. Os filmes brasileiros que passam em circuito
hoje são fruto disso. São filmes que ganham o Brasil e o exterior, nos festivais
internacionais. O cinema brasileiro contemporâneo, em toda a sua pluralidade,
ainda não penetra de forma tão significativa no parque exibidor massificado de
seu próprio país, porque infelizmente este está sujeito à lógica mercadológica
do multiplex. Por causa disso, o filme acaba sendo menos distribuído e menos
visto, uma consequência triste, porém real.
Distribuição e exibição são problemas seculares do cinema
brasileiro. Não há resolução fácil para esses problemas. Qualitativamente, no
entanto, o cinema brasileiro vai muito, muito bem. Temos cineastas e filmes
incríveis.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Neville D'Almeida
e Julio Bressane são dois cineastas
brasileiros com décadas de carreira que continuam, dentro do possível,
trabalhando em novos projetos. Sou obcecado por ambos. Assisti a tudo deles que
esteve ao meu alcance.
O último filme do Bressane, inclusive, foi exibido em
pouquíssimos lugares. É o Nietzsche Sils
Maria Rochedo de Surlej. Passou no Festival
Ecrã de 2019, na Cinemateca do MAM,
e eu fui lá ver o filme do Bressane.
Ele já está com um filme novo encaminhado; ao que parece o Bressane fez a sua versão de Dom
Casmurro, que deve sair em algum momento entre 2021 e 2022. Assim que for
possível, assistirei.
O Neville D'Almeida
quer filmar O Anti-Nelson Rodrigues.
É a penúltima peça do Nelson, o maior dramaturgo que esse país já teve. Neville
tem uma história com Nelson Rodrigues, porque já adaptou duas obras dele antes:
a peça Os Sete Gatinhos e o conto A Dama do Lotação. A obra do Neville
como um todo me desperta muito interesse, pra além de suas adaptações
rodrigueanas.
12) Defina cinema com
uma frase:
Cinema é o conjunto de possibilidades, discursos, ideias e
principalmente imagens e sons que se desenvolve entre o início e o fim da
projeção.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Sessão de Divino Amor
no Cine Arte UFF. Alguns pais e mães
estavam na sala com suas crianças. É um filme que não desperta muito interesse
ao público infantil, então naturalmente as crianças ficaram um pouco dispersas.
Mesmo com isso, elas não estavam fazendo muito barulho, pessoalmente não me
causavam incômodo algum.
Algumas pessoas ali presentes não compartilhavam da minha
opinião, porque eventualmente começaram a gritar de forma recriminatória no
meio da sessão, direcionando críticas aos pais das crianças. Estes,
evidentemente, rebatiam também em voz alta. Se instaurou um bate boca enquanto
o filme seguia sendo exibido em tela, inclusive já se encaminhando para o
final.
A discussão dificultava bastante o entendimento do filme. Em
certos momentos, me peguei fazendo leitura labial nos personagens para poder
captar as falas. Após o fim da sessão, na saída, o clima era de guerra fria.
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Adaptação brasileira pra uma clássica fábula estrangeira.
Acho louvável, deveria ser mais feito.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Acho que para dirigir bem a pessoa precisa ser criativa.
Criatividade não está necessariamente atrelada a uma cultura cinéfila. O
pioneiro Georges Méliès não tinha
uma cultura cinematográfica forte, porque ele evidentemente começou a filmar em
um momento no qual o cinema ainda estava engatinhando enquanto arte. Toda a sua
mise-en-scène foi construída com base no teatro, nos truques de ilusionismo e
na literatura fantástica europeia, e o cinema dele funciona maravilhosamente.
Lógico que as condições de um aspirante a cineasta em 2020
são bem diferentes das condições nas quais o Méliès estava inserido. Acho, sim,
que uma cultura cinematográfica é um alicerce benéfico para a construção de um
grande cineasta. Não só cinefilia propriamente dita, mas o estudo da teoria do
cinema e da crítica de cinema também.
Por mais que eu considere tudo isso uma série de fatores de
grande ajuda para a formação de um diretor, não afirmo que são fundamentais.
Fundamental é a visão do diretor, sua percepção acerca da imagem e da
linguagem. Isso pode vir do estudo, da intuição ou de qualquer outra coisa.
Geralmente estudo e intuição se complementam, claro. Isoladamente, por vezes
funcionam, por vezes não. Existem diretores que são mestres em técnica e
realizam filmes fracos, enquanto em contrapartida existem grandes cineastas
intuitivos.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Já vi muitos filmes ruins, mas não guardo rancor específico
de nenhum. Já guardei; hoje, não mais. A vida é muito curta para guardar rancor
de filme. Hoje raramente considero um filme ruim o suficiente para que ele se
torne memorável. A maior parte dos filmes ruins que vejo atualmente são
medíocres, e você não fica remoendo um filme medíocre. Você o assiste e esquece
todo o seu conteúdo no caminho de volta para casa.
17) Qual seu
documentário preferido?
Um Dia na Vida,
do Eduardo Coutinho.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Já fiz muito isso, por diversos motivos. As vezes se aplaude
aos realizadores, atores e técnicos que estão presentes na sessão, ou aos
programadores que a organizaram. Outras vezes, claro, mesmo sem ninguém
responsável pelo filme ou pela sessão presente na sala, se aplaude puramente
pelo conteúdo do filme. Você aplaude por compartilhar daquele entusiasmo
coletivo. Há quem considere um gesto meio despropositado, porque não é como no
teatro, onde atores e equipe estão ali escutando os seus aplausos. Acho que
pensar assim é tentar racionalizar um gesto puramente emotivo.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Olhos de Serpente,
do Brian de Palma.