27/10/2020

Crítica do filme: '1986'


A sobrevivência em um lugar onde o passado ainda deixa fantasmas. Escrito e dirigido pelo cineasta alemão Lothar Herzog, 1986, longa-metragem da Bielorrússia (país europeu sem saída para o mar) não deixa de ser um alerta mundial de como são as coisas nesse país pós-soviético. Seguindo a trilha de um drama vivido por uma jovem que vê seu mundo desmoronar com a prisão do pai, o projeto apresenta muitas críticas a situação de uma região praticamente esquecida pelo mundo.


Na trama, conhecemos, Elena (Daria Mureeva), uma estudante da faculdade na cidade de Minsk que possui um relacionamento complicado, por vezes obsessivo com seu namorado Viktor. Muito ligada ao pai, meio que seu mundo desmorona quando esse vai preso por transações ilegais. Assim, para ajudar sua família a protagonista precisará assumir os negócios do pai que consiste em transportar caminhões para zonas proibidas próximas de onde aconteceram a tragédia de Chernobyl. Mas nada será fácil.


Pena que o roteiro, com uma linha temporal confusa, prejudica demais o andamento da trama que busca um olhar sobre os impactos que continuam em países pós-soviéticos décadas após o acidente na famosa usina nuclear. A personalidade complicada da protagonista, que vai desde uma eterna crise em seu relacionamento até seu gosto pela fotografia e também para um destino/ necessidade em encontrar seu próprio caminho através de uma solidão pensativa que a leva ter coragem para os obstáculos que enfrenta, é passada com muita leveza pelo destaque na atuação de Daria Mureeva.