As profundezas de um mar sem fim. Em seu primeiro longa-metragem de ficção, o cineasta Cesar Diaz brilha intensamente trazendo ao público uma trama profunda e honesta sobre o acaso reencontrando memórias de tempos muito difíceis. Impactante e com bastante reflexões sobre o sofrimento vivido por muitos dos personagens, o projeto relembra um tempo onde o sofrimento não parecia ser a verdade. A melhor forma de definir esse belo trabalho é que são os contrapontos das gerações buscando respostas de tempos tristes. Atemporal, para nunca esquecermos tudo que se passou. Nuestras Madres é uma Co-produção Guatemala, França e Bélgica, foi o indicado pelo último a ser seu concorrente ao Oscar 2020 de Melhor Filme Estrangeiro.
Na trama, conhecemos o jovem Ernesto (Armando Espitia), antropólogo forense do IML da Guatemala, um dos
responsáveis de encontrar corpos de pessoas desaparecidas em tempos da ditadura.
Certo dia, encontra a indígena e de vida simples Nicolasa (Aurelia Caal) e acaba descobrindo através do relato dela com fotos
e fatos a possibilidade de identificar o seu pai que nunca conhecera. Assim,
procurando vencer os obstáculos da burocracia e apoiado pela mãe Cristina (Emma Dib) que foi presa durante 6 meses
pela polícia militar guatemalteca sendo estuprada todos esses dias, Ernesto
luta pelas suas respostas e a de muitos outros.
Os mortos estão mortos, embora não saibamos onde estão. A violência
de uma ditadura impiedosa, uma dor que não tem fim. Durante a fase da
burocracia para consegue acessar as ossadas, o protagonista se depara com um
departamento consumido pelo achismo, duvidando de alguns relatos pois há um
pagamento do governo para as vítimas. As subtramas, como os excelentes diálogos
com sua sofrida mãe dão a esse projeto uma profundidade tamanha, chegando a
emocionar os corações mais sensíveis. Há uma sensibilidade com uma dor que gera
uma mistura muito forte de sentimentos. Um filme impactante que merece ser
visto.