30/10/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #155 - Jô Laps


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Blumenau. Jô Laps tem 50 anos (mas mente de 27). Jornalista formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, por 20 anos trabalhou na editoria de cultura de dois importantes jornais catarinenses e hoje atua como freelancer. Sempre foi apaixonada por cinema e desde 2009 produz conteúdo para blogs sobre o tema. Sua terceira e atual aventura nesta área é o blog/IG @cinematograficas, espaço onde dá dicas de filmes e séries. Tem um gosto bem eclético e curte tanto filmes-cabeça quando superproduções de heróis. Cinema, para ela, é mais que passatempo, é uma necessidade.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Acredito que seja o Arcoplex por, eventualmente, abrir espaço para produções fora do circuito (como no Festival Varilux de Cinema Francês). Mas a diversidade é um problema por aqui. Normalmente nos três cinemas da cidade (temos ainda GNC e Cinépolis), a programação é praticamente a mesma e não chegam muitos filmes fora do circuito.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Campeão, de Franco Zefirelli. Eu tinha 10 anos na época e lembro de ter ficado surpresa por ver todo mundo saindo do cinema aos prantos.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Difícil escolher um só, admiro vários, mas vou de Quentin Tarantino (com Pulp Fiction) e Tim Burton (com Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Impossível não responder Cidade de Deus. O motivo é que é perfeito, do roteiro à fotografia, das atuações desconcertantes à trilha sonora. De encher nosso peito de orgulho. Já assisti mais de 10 vezes e sempre me surpreendo.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É uma necessidade. Respiro cinema. Acordo e vou dormir pensando em filmes. Sonho com cinema também. É algo que, sem dúvida, faz a minha existência mais feliz.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Creio que não. A programação segue o apelo popular. Por aqui, pelo menos, raramente estreia algo fora do grande circuito.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não. Mesmo com tantas opções de streaming, nada se compara à magia da sala escura e da tela grande.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A Grande Beleza, do Paolo Sorrentino. É belíssimo!

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Bom, já abriram em várias cidades no momento, mas acho muito arriscado. Eu, pelo menos, por mais saudade que esteja sentindo, não vou pagar para ver.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que estamos nos reinventando, encarando novos gêneros e saindo do lugar comum. O problema, a meu ver, é que só as comédias acabam se destacando nas bilheterias.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Vou ser obrigada a citar dois: Selton Mello e Rodrigo Santoro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Seguem duas:

“Quanto mais velho eu fico, mais vejo os filmes como milagres”, Steven Spielberg.

“Cinema é a fraude mais bonita do mundo”, Jean-Luc Godard.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Uma cena inusitada foi ver várias pessoas saindo da sala antes da metade de Blade Runner 2049. Ok que o filme é longo e um tanto contemplativo, mas desistir assim fácil?

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não assisti, mas estou chegando à conclusão de que perdi uma obra-prima, é isso?

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Acho que um diretor precisa antes de mais nada dominar a técnica, mas creio que ter boas referências contribua para que o trabalho fique melhor.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Um Copo de Cólera. Achei chatérrimo. Foi o único filme que me fez sair do cinema no meio da sessão.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Desculpa, mas vou citar dois de novo: One Strange Rock (tem cenas incríveis) e What Happened, Miss Simone?, sobre a insuperável Nina Simone. Ambos da Netflix.

 

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Em Vingadores: Guerra Infinita.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação, do Spike Jonze, sem dúvida. Mas gosto muito dele também em Os Vigaristas, do Ridley Scott, e em Vício Frenético, do Werner Herzog. Na real, sou fã do cara, mas ultimamente está difícil defendê-lo.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete e IMDB são indispensáveis.