O amor dos pais é a coisa mais importante para as crianças. Com um background de um desesperado pai lutando para conviver novamente com os filhos e abordando um dramático retrato social e político de um país completamente desconhecido em suas estruturas por muitos de nós, Otac, longa-metragem sérvio escrito (também por Ognjen Svilicic) e dirigido pelo cineasta Srdan Golubovic é uma baita pancada em nosso estômago. Em linhas profundas o filme aprofunda assuntos como o desemprego, o papel da lei na figura associada ao serviço social, a corrupção, o papel da imprensa. Um filme duro como muitas realidades do lado de cá da telona.
Na trama, com um abre alas impactante, conhecemos o
desempregado Nicola (Goran Bogdan) um
homem de poucas palavras, que vive de bicos. Após um desesperado ato de sua
esposa, tendo os seus dois filhos, um menino e uma menina, de testemunha, acaba
embarcando rumo a uma desesperante luta (quase silenciosa) contra as leis de
sua cidade e os absurdos da corrupção que assola a lei da região. Com os filhos
tirados dele, resolve ir até a maior cidade da Sérvia, Belgrado, a pé, para contestar
a sentença que recebera.
Os interesses, a corrupção... onde estão os limites da lei? Dor
e sofrimento por todos os lados. O longo caminho percorrido por Nicola é árduo,
cansativo e muito dramático. Há contrapontos por todo o trajeto que acabam de
alguma forma refletindo em sua história atrás de uma solução difícil perante
uma burocracia boboca que infelizmente existe em qualquer lugar do mundo. A fé
o encontra mas adere ao positivismo como forma de seguir em frente, o ato final
é primoroso contextualiza tudo que foi mostrado ao longo das quase duas horas de
projeção. Nas lições que aprendemos, uma é a mais cruel: homens de bom coração
também sofrem.