05/11/2020

Crítica do filme: 'Otac'


O amor dos pais é a coisa mais importante para as crianças. Com um background de um desesperado pai lutando para conviver novamente com os filhos e abordando um dramático retrato social e político de um país completamente desconhecido em suas estruturas por muitos de nós, Otac, longa-metragem sérvio escrito (também por Ognjen Svilicic) e dirigido pelo cineasta Srdan Golubovic é uma baita pancada em nosso estômago. Em linhas profundas o filme aprofunda assuntos como o desemprego, o papel da lei na figura associada ao serviço social, a corrupção, o papel da imprensa. Um filme duro como muitas realidades do lado de cá da telona.


Na trama, com um abre alas impactante, conhecemos o desempregado Nicola (Goran Bogdan) um homem de poucas palavras, que vive de bicos. Após um desesperado ato de sua esposa, tendo os seus dois filhos, um menino e uma menina, de testemunha, acaba embarcando rumo a uma desesperante luta (quase silenciosa) contra as leis de sua cidade e os absurdos da corrupção que assola a lei da região. Com os filhos tirados dele, resolve ir até a maior cidade da Sérvia, Belgrado, a pé, para contestar a sentença que recebera.


Os interesses, a corrupção... onde estão os limites da lei? Dor e sofrimento por todos os lados. O longo caminho percorrido por Nicola é árduo, cansativo e muito dramático. Há contrapontos por todo o trajeto que acabam de alguma forma refletindo em sua história atrás de uma solução difícil perante uma burocracia boboca que infelizmente existe em qualquer lugar do mundo. A fé o encontra mas adere ao positivismo como forma de seguir em frente, o ato final é primoroso contextualiza tudo que foi mostrado ao longo das quase duas horas de projeção. Nas lições que aprendemos, uma é a mais cruel: homens de bom coração também sofrem.