19/11/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #184 - Marcelo Milici


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Santo André (SP). Marcelo Milici é formado em Letras, com especialização no Horror Gótico nas Literaturas Inglesa e Americana, fundou em 2001 o site Boca do Inferno, uma referência do gênero no Brasil. Já palestrou sobre o gênero, foi jurado de inúmeros festivais fantásticos, e entrevistado por redes de televisão e jornais. Possui publicações em diversas antologias, como Terra Morta – Relatos de Sobrevivência a um Apocalipse Zumbi, Arquivos do Mal, Galáxias Ocultas, A Hora Morta III – Vol. 2 e Insanidade, além de ser um dos autores da obra Medo de Palhaço.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade, o Cinemark do Shopping Atrium. Mas, não é a minha sala favorita. A que eu mais frequento fica no Park Shopping São Caetano.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

De Volta para o Futuro, na década de 80, com meu pai. Especial porque eu senti todo o clima do público, diante de uma produção incrível cheia de reviravoltas e emoção. Experiência única!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Varia muito, até porque não vejo um diretor como impecável, mas obras, sim. Mantenho a minha opção clássica, embora já tenha surgido outras boas opções: Pulp Fiction, do Quentin Tarantino.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

A Meia-Noite Encarnarei no Teu Cadáver, de José Mojica Marins. É o filme que me introduziu ao cinema de horror nacional, e tem as qualidades que eu viria admirar no gênero, como fotografia, direção, trilha sonora e, principalmente, roteiro.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É se encantar com as telonas ao ponto de conferir uma produção mais de uma vez para apreciar todas as suas qualidades. É não se importar com nada mais além do filme, quando estiver disposto a assisti-lo. É tornar cada sessão, seja de cinema ou até mesmo em casa, como um momento de respeito e dedicação, atentando-se a detalhes com admiração e satisfação.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, até porque a grande maioria das produções que chega aos cinemas - eu me refiro aos populares, como os de shopping - vem de um mesmo circuito, ignorando boa parte do que vem de outros países e que também mereciam uma oportunidade. Há salas que são feitas para cinéfilos, com produções variadas e distantes dos padrões, mas são pouco aproveitadas.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

De jeito algum. Há cineastas que dizem o streaming está destruindo o cinema, e eu discordo. Jamais substituiria o conforto e a grandiosidade de uma tela de cinema por uma opção caseira.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Fácil de Enterrar, 2001. Teve somente passagem pelos cinemas na Mostra BR em 2001. É um filme de terror com apenas três falas, mas com um enredo bem agressivo.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Nem as salas de cinema, nem os shoppings, os bares. Nada.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Cada vez mais interessante, com opções voltadas para o gênero fantástico e o horror!

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gabriela Amaral.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Um deleite visual de imagens e movimentos, uma válvula de escape da realidade e um convite a universos distintos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando fui ver o longa Mar Aberto nos cinemas, consciente do que iria encontrar, acabei por confrontar uma situação curiosa. O filme traz um casal de mergulhadores perdidos no mar aberto, envolto de tubarões e tempestades, sem poder tocar os pés no chão. Ao terminar a sessão, um senhor se levantou e esbravejou de que se tratava de uma propaganda enganosa. Ele apontava o indicador para baixo e falava repetidas vezes que havia sido enganado. Perguntei a ele de maneira educada o que ele esperava de um filme chamado Mar Aberto. Talvez a história de Moisés? Ele me xingou e foi embora.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Patético, uma vergonha para a produção nacional.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Precisa conhecer cinema para trabalhar com ele. Acredito que não se pode basear apenas em estudos e trechos de obras, é preciso experimentar o cinema das mais variadas formas.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Há muitos, mas House of the Dead, adaptação do famoso game, é uma afronta ao bom gosto.

 

17) Qual seu documentário preferido?

This is Spinal Tap.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?   

Somente fiz isso em pré-estreias no Festival do Boca do Inferno, com a presença do diretor. Não faria numa sala de cinema qualquer, sem a presença de algum envolvido.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O Selvagem da Motocicleta, de Francis Ford Coppola.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

O meu, bocadoinferno.com.br :-)

 

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