06/12/2020

Crítica do filme: 'Despedida em Las Vegas' * Revisão*


A loucura de viver a vida intensamente pode trazer quando menos se espera algo muito especial. Com um abre alas envolvente, com um poderoso e marcante som de jazz ao fundo, intensos 15 minutos onde não desgrudamos da tela e antes dos créditos iniciais aparecerem, o longa-metragem de meados da década de 90 Despedida em Las Vegas é a obra-prima de Mike Figgis e porque não dizer também que é a melhor interpretação da carreira do ganhador do Oscar (por esse papel) Nicolas Cage. Elisabeth Shue também merece um grande destaque, sua personagem é delicada e emocionalmente destruída, um personagem complicado mas brilhantemente interpretado por Shue. Contando a trajetória rumo ao fundo do poço de um alcóolatra que não quer se curar e que acaba descobrindo uma paixão avassaladora por uma prostituta em uma viagem à Las Vegas, o projeto mostra duras realidades de duas almas que se completam à suas maneiras. Um baita filme, inesquecível.


Na trama, conhecemos o roteirista, alcóolatra Ben (Nicolas Cage), um homem completamente perdido, sem amigos, que gera pena nos outros, completamente entregue ao vício que possui. Quando ele é demitido, saca todo dinheiro que tem, paga o cartão de crédito e resolve desistir do mundo, bebendo até morrer, em Las Vegas. Após um quase atropelamento, acaba conhecendo a prostituta Sera (Elisabeth Shue), uma sofrida jovem que é bastante maltratada pelo canalha Yuri (Julian Sands). Após um começo conturbado, Ben e Sera descobrirão que precisam mais um do outro do que imaginavam.


Baseado no primeiro livro do escritor John O'Brien, Leaving Las Vegas, no original, nos mostra como a junção de duas solidões afloradas pelo amor pode ser uma pequena luz em um túnel complicado de ser percorrido. O alcoolismo, assunto central desse projeto, é visto em quase todas suas esferas/momentos, a força do vício e a entrega dos que não querem ser salvos. Não há julgamentos entre os protagonistas, Ben não julga Sera pela profissão dela e nem ela com o vício dele mas óbvio que o amor em algum momento pode buscar outras soluções lógicas para quando se vê que não há saída. Há diálogos memoráveis entre os dois. A trilha sonora, assinado por Figgis é espetacular e percorre as quase duas horas de filme deixando um traço marcante em cada cena.