O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Ribeirão Preto. Beatriz Cascardi tem 22 anos. Sua paixão
por cinema começou na adolescência, e por isso cursou e se formou em Rádio Tv e
Internet. Durante seu tempo na faculdade, produziu e dirigiu alguns títulos,
documentais e ficcionais, e também desenvolveu uma pesquisa sobre 'solidão da mulher
negra'. Recentemente inaugurou o @panoramica.cine
(no Instagram), uma página que propõe uma introdução ao cinema teórico de
maneira leve e simples, explorando temáticas como gênero, estrutura de roteiro
e claro, indicações de filmes!
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Infelizmente moro em uma cidade pequena da Grande São Paulo,
e por aqui não temos nenhuma sala de cinema. Para acessar uma programação que
eu goste, preciso ir até o centro de São Paulo. Gosto bastante da programação
do Petra Belas Artes e da Cinesala também.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Por maior que seja o clichê, a primeira vez que entendi que
o cinema era maior do que os filmes que estava acostumada a ver, foi ao
assistir Pulp Fiction, com meu irmão
quando eu tinha 15 anos. A partir daí, minha relação com o cinema mudou
completamente, e um pouco mais tarde, ao assistir O Iluminado, do Kubrick,
percebi que gostaria que trabalhar com cinema de alguma forma.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Meu diretor favorito é o Ingmar Bergman, e o filme Sonata
de Outono (1978). Eu acho incrível e muito inspirador a forma que o Bergman
utiliza o diálogo pra desenvolver os personagens e a trama, de uma forma que
não seja expositiva, ou meio bobo.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Meu filme nacional favorito é o Aquarius, do Kléber Mendonça
Filho. O que eu mais amo nesse filme é como a trama é construída de uma
forma sutil. e se desenvolvendo na frente dos nossos olhos, mas também na
complexidade dos personagens fora o tempo fílmico.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Amar cinema, e não só filmes.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
Acredito que existam diferentes interesses quando falamos
sobre programação. Nem sempre o interesse principal é montar uma programação
edificante pro espectador, muitas vezes elas são desenvolvidas com base nos
lucros, por esse motivo vemos salas de cinema exibindo o mesmo filme o dia
todo, e não dando espaço para títulos nacionais, por exemplo.
7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?
Não, ir ao cinema é coletivo, e não existe streaming que
substitua isso.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Todas as vezes que tenho a oportunidade recomendo Revange (Coralie Fargeat, 2017). O filme explora e ressignifica clichês de
filmes de vingança. Nele, temos uma heroína com uma força que não é aparente,
mas que emerge com muito gore e tensão. Assisti esse filme no cinema, e as
pessoas vibravam junto.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Acredito que não, mas que no ponto que as coisas estão, com
o isolamento já muito flexibilizado, acredito que não faça tanta diferença.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Muito boa, só ladeira acima.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Não perco um filme da Gabriela
Amaral Almeida, diretora de Animal
Cordial (2017) e A Sombra do Pai (2018).
Ela é bastante próxima ao terror, e trabalha disso de forma muito brasileira.
12) Defina cinema com
uma frase:
Busca pela realidade.
13) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Nunca vi, mas eu sei que deveria.
14) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Acho que não, existem muitas formas de se conectar com a
arte de contar uma história através de imagens, assistir filmes é com certeza
uma delas, mas existem outras formas de estudar.
15) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Grande Hotel
Budapeste. Não consigo acreditar que alguém liberou orçamento pra isso!!!
16) Qual seu
documentário preferido?
Meu documentário favorito é o Olmo e As Gaivotas, da Petra
Costa (apesar de ter me decepcionado com Democracria em Vertigem). O documentário é performático, e conta a
história de uma atriz de teatro que, devido a uma gravidez de risco, precisa
ficar presa em seu apartamento, vivendo a solidão e as dores de gerar uma vida.
17) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Não, mas recentemente assisti Trama Fantasma do Paul
Thomas Anderson, e bati palmas no sofá de casa. Esse filme me despertou de
tantas maneiras, e me emocionou tantas vezes que a única solução foi aplaudir.
18) Qual site de cinema
você mais lê pela internet?
Gosto de me informar através de revistas acadêmicas, mas
gosto muito do Omelete e se algumas
páginas no instagram!