19/03/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #323 - Aline Wendpap


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa convidada de hoje é cinéfila, de Cuiabá. Aline Wendpap tem 38 anos, é a primeira doutora em Estudos de Cultura Contemporânea do PPGECCO, da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. Bacharel em Comunicação Social-Radialismo (2005) e Mestre em Educação (2007), ambos pela UFMT. Possui licenciatura em Artes Visuais (2017) pela Unijales. Desenvolve estágio pós-doutoral com projeto que delimita o Estado da Arte das pesquisas em Comunicação e Mediações defendidas pelo PPGECCO – UFMT até 2020, e, pela UnB, cursa licenciatura em Teatro EaD. Integrou o coletivo Parágrafo Cerrado, no qual desenvolveu a técnica de leituras de cena de espetáculos e filmes, tornando-se, assim, uma das críticas de cinema pioneiras em Mato Grosso. Atualmente assina a coluna “Sonora” no site Ruído Manifesto, onde escreve sobre a produção audiovisual brasileira e mato-grossense e é co-idealizadora do site Mistura Cultural. Possui experiência como Produtora Cultural e é atriz profissional com DRT.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Atualmente a minha sala de cinema preferida é a do Cine Teatro Cuiabá, por possuir uma programação alternativa, em relação aos cinemas comerciais. Lá é onde a gente consegue ver alguns filmes brasileiros de fora do circuito mainstream e ainda (por incrível que pareça) produções mato-grossenses. Além de outros filmes estrangeiros que não veríamos nos cinemas de shopping.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que eu assisti no cinema foi O Rei Leão da Disney. Eu tinha 11 anos e foi amor à primeira vista. Me apaixonei pelo ambiente, pelo filme, por tudo.  Foi mágica a sensação! Me lembro até hoje...

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Peter Jackson - O senhor do Anéis: A Sociedade do Anel.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Até pouco tempo atrás era Tropa de Elite, porque amei a interpretação do Wagner Moura e todo o ritmo frenético da produção, além da narrativa politizada, que me dá frisson. Porém, agora acho que é Bacurau, porque a cada nova vez que assisto descubro mais uma camada de significados e isso me deixa louca por este filme. 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pergunta um tanto quanto complicada de se responder prontamente. Mas acho que em primeiro lugar é ser alguém apaixonado por cinema em todas as suas nuances e esferas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que não. Tem muito cinema por aí, com programação voltada apenas para os ganhos do dono do cinema.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero, com todas as minhas forças, que não. Porque por mais que a Netflix seja maravilhosa, ela nunca chegará aos pés de uma sala de cinema, bem escurinha e com o cheiro de pipoca rolando no ar. A sinestesia é parte do cinema, na minha opinião. Ir ao cinema não é apenas ver um filme, mas é um acontecimento.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Indico um curta mato-grossense chamado O menino e o ovo, da diretora cuiabana Juliana Capilé. É lindo! Ah, também tem outro: A gente nasce só de mãe da diretora Caru Roelis (MT), emocionante!

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Resposta delicada esta. Eu fui em algumas sessões durante a pandemia, onde as salas estavam praticamente vazias. Tal situação me parece menos arriscada do que ir a um supermercado, onde as pessoas se esbarram e pegam em produtos o tempo todo. Mas, o mais adequado é aguardar.  

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu vejo o cinema brasileiro contemporâneo como um dos melhores do mundo. A única diferença é que tem bem menos recursos do que o de alguns outros países. Mas a qualidade, tanto técnica, quanto artística está equiparada aos maiores.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Kleber Mendonça Filho.

 

12) Defina cinema com uma frase:

 Possibilidade de ver a vida com outros olhos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Quando eu e minhas irmãs, vimos  o REI LEÃO sentadas na escada, porque a sessão estava LOTADA!

Ps.: naquele tempo ainda permitiam as pessoas sentarem na escada.   

 

14) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, porém quando se é as possibilidades se tornam mais vastas (vide Tarantino ou Wood Allen, por exemplo). 

 

15) Qual o pior filme que você viu na vida?

Aff são tantos... mas acho que os tipo "O massacre da serra elétrica", ou comédias besteirol americano tipo American Pie. 

 

16) Qual seu documentário preferido?

A ilha das flores.

 

17) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Ah com certeza! E Bacurau foi um deles.

 

18) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Cidade dos Anjos.

 

19) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cinema em cena; Cinema com Rapadura; Omeleteve.