O estático poder da tensão. Com um projeto muito difícil em suas mãos, dentro de um engenhoso e surpreendente roteiro de Christie LeBlanc, o cineasta francês Alexandre Aja usa dos momentos de apreensão nas bifurcações para conseguir fortalecer um filme que em uma sala de cinema teria ainda mais impacto. Uma experiência? Um sequestro? Algo ligado à ficção científica? O paradoxo entre as memórias e o real, junto com a consciência da sobrevivência, quando conseguimos entender sobre o que se trata aquela situação vivida pela personagem de Melanie Laurent a direção brilha e nos leva a uma trama original dentro de reflexões impactantes sobre o artificial sentido das coisas que eram para serem naturais. Bom filme disponível na Netflix.
Na trama, acompanhamos uma mulher (Mélanie Laurent) que acorda dentro de uma cápsula cheia de aparatos
tecnológicos e computadorizada. Após os primeiros minutos de desespero, tendo
que controlar o fôlego e as emoções, consegue entrar em contato com uma voz,
uma inteligência artificial ligada ao local aonde está. Buscando encontrar
algumas respostas, antes do oxigênio que alimenta a cápsula que ela está
acabar, para arranjar soluções para sair dessa situação ela aos poucos vai
entendendo quem é e assim escolhas precisarão serem feitas a partir desse
momento.
Oxigênio é muito
bem definido dentro de seus arcos, mesmo com a apenas dois artistas em cena (a
mulher e a voz), impressiona o alcance de possibilidades criado dentro da
situação vivida pela protagonista. Podemos definir por fases, a inicial é o
nascimento, a angústia, as alucinações. Depois vemos a fase de crescimento como
se fosse uma invocação do espírito de sobrevivência que temos em todos nós temos
dentro de nós, na terceira parte vem os duelos das escolhas dentro de um embaralhado
jogo psicológico que há dentro da hipótese, oriundo de conversas sem sentido
para ela com que consegue falar ao telefone. Mas a graça toda do filme chega
quando entendemos o que é a aquela situação, faz muito sentido todas as
explicações.
Sem ter o impacto das imagens que poderia ser ajudar a
interação com o espectador, o filme se fortalece nas reflexões, no paradoxo
entre as memórias e o real, ofuscando uma ficção científica por um imerso drama
sobre sobrevivência. Um ótimo trabalho de Aja
e de sua principal atriz em cena, Melanie
Laurent, uma das atrizes francesas que mais realizam trabalho nos Estados
Unidos, um rosto conhecido dos cinéfilos.