O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Paulo. Caru Alves tem 41 anos, é diretora, roteirista
e produtora. Formada em História pela USP (Universidade de São Paulo), desde
2008 vem realizando documentários para TV, curtas e longas de ficção, além de
séries documentais e ficcionais. A realizadora é também membro do Coletivo
Vermelha, um grupo de profissionais mulheres do audiovisual de São Paulo, e do
Coletivo casadalapa, composto por artistas de rua, designers, e profissionais
do cinema. Seu segundo longa-metragem de ficção, Meu nome é Bagdá (2020) ganhou o Grand Prix de melhor filme da
Mostra Generation 14plus do 71º Festival Internacional de Berlim. Atualmente desenvolve o roteiro de seu
terceiro longa-metragem Corações
Solitários e foi selecionada para fazer parte do Master escénicas e
cultural visual do Museu Reina Sofia em parceria com a Universidade Castilla-la
Mancha, em Madrid, Espanha.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Em relação à programação meu cinema favorito são as salas do
Espaço Itaú. Eu acho que tem uma
variedade de filmes muito grande, e ao mesmo tempo bem cuidada, e por isso
posso ir para o cinema sem planejar o que vou ver, pois sempre vai ter ao menos
um filme que gostaria de ver.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Janela Indiscreta,
de Alfred Hitchcock. Quando eu tinha
7 anos minha mãe alugou Bambi para
mim e Janela Indiscreta para ela. Eu
acabei vendo o filme de Hitchcock e
mudou minha vida e a partir de aí parei de ver somente filmes para crianças.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Eu adoro Kids, de
Larry Clark.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Um Céu de Estrelas,
de Tata Amaral. Acho um filmaço,
feito com muito sangue nos olhos.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Não conseguir ficar mais de 2 dias sem ver um filme.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feita por pessoas
que entendem de cinema?
A maior parte não, já que a maior parte das salas de cinema
é composta por esses multiplex onde entram somente filmes que já fizeram
sucesso em outros países ou filmes nacionais com potencial para fazer grandes
bilheterias. Me parece um critério muito mais comercial que criativo.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Eu acho muito difícil, pois ir ao cinema é uma experiência
tecnológica e compartilhada que não se pode substituir pela sala de uma casa.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Cafarnaum, de Nadine Labaki é um filme que deveria
ser visto por muitas pessoas.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Eu acho que garantir um limite de capacidade que permita o
distanciamento entre as pessoas nas salas, e garantir que todos utilizem
máscara dentro dos cinemas poderia fazer com que os cinemas voltassem antes da
vacinação massiva no país. O ideal seria que tivéssemos um governo federal que
desse condições para que os estabelecimentos comerciais pudessem estar fechados
- e pagando seus funcionários - em períodos onde o contágio esteja alto, mas
sabemos que pelo contrário, o governo presidido por jair Bolsonaro é omisso e,
mais que isso, é ativo na manutenção da alta de contágios por coronavírus no
Brasil, levando milhões de brasileiros à morte.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Eu acho que com as políticas públicas construídas pelos
governos anteriores o cinema brasileiro estava adquirindo uma maior diversidade
e uma qualidade reconhecida internacionalmente. Mas essa ascensão foi
interrompida pelos governos Temer e Bolsonaro.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Bom, nunca perco os filmes de Laís Bodanzky, Anna Muylaert, Julian Roja, Marco Dutra, Kleber Mendonça...
12) Defina cinema com
uma frase:
Putz... não saberia fazê-lo.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Eu adoro ir ao cinema do Centro Cultural São Paulo, pois sempre tem alguém que vai para lá
para dormir, e eu acho muito legal a ideia de ter um cinema que é tão barato e
acessível que um escolhe ir para poder dormir tranquilamente.
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Um desastre fascinante.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Eu acho que para dirigir um filme uma diretora ou um diretor
tem que dirigir um filme.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
São tantos... mas eu lembro de ter ficado muito irritada com
o filme Evita e saí no meio. Mas não
sei se me irritaria novamente com o filme, vi faz muito tempo.
17) Qual seu
documentário preferido?
Nossa, são tantos que é muito difícil escolher um. Mas eu
amo Daguerreotypes, de Agnès Varda.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
De uma sessão comercial? Não muitas vezes. Em festivais de
cinema, muitas vezes.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
hahahaha, o "senhor caretas"? Bom, eu adoro Arizona nunca mais, dos irmãos Coen.
Mas eu me divirto vendo qualquer filme dele, ele faz umas caretas muito
engraçadas.
20) Qual site de cinema
você mais lê pela internet?
Putz, não leio muito nenhum site em geral....