05/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #464 - Felipe Bragança


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Felipe Bragança tem 40 anos. É cineasta, formado pela UFF. Tem no currículo ótimos projetos, às vezes na direção, às vezes como roteirista ou até mesmo co-diretor. Seu início veio ao lado da também cineasta Marina Meliande, com os projetos independentes A Fuga da Mulher Gorila e A Alegria. Foi diretor-assistente e também assinou o roteiro do maravilhoso filme de Karim Aïnouz, O Céu de Suely. Em carreira solo, dirigiu anos atrás o interessante longa-metragem Não devore meu coração. Recentemente no início de 2020, lançou Um Animal Amarelo, seu segundo trabalho solo na direção, o filme esteve em competição no prestigiado Festival de Roterdã.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gosto do meu pequeno cinema de bairro: o CINE SANTA, no centro do Rio, onde vivo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Na infância, A História Sem Fim. Grudou nos olhos. Quando jovem adulto: O Sétimo Selo, do Bergman.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Não tenho um favorito. Vou citar aquele de quem mais filmes vi e revi: Luis Buñuel. 

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Também não tenho um favorito. Vou citar 3 dos essenciais na minha formação do olhar como cineasta brasileiro quando anda era estudante há 15 anos atrás:  A Hora e a Vez de Augusto Matraga (Roberto Santos), Matou a Família e Foi ao Cinema (Julio Bressane) e Santo Forte (Eduardo Coutinho).

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ver no cinema uma forma de constante reinvencão da vida.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

O cinema é tanta coisa. Entender de cinema também. Acho que quanto mais independentes os programadores e as programadoras, mais livres para propor recortes, melhor.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Nunca. Vão se tornar mais raras. Mas vão sobreviver.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Valerie and Her Week of Wonders. Filme tcheco de 1970.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

É possível sim reabrir seguindo um protocolo de segurança sanitária rígido e que respeite o momento que estamos vivendo.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

 O cinema é espelho do país.  Na última década, vivemos uma ebulição interessante de vozes e linguagens entre 2010 e 2020 - em um momento de um certo otimismo ou entusiasmo reinante. A próxima década, será de reinvenção para atravessar as trevas em que mergulhamos e que nos faz pensar em questões e dilemas do Século XX e que precisamos ser olhados de frente.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Um ator ou atriz atual? Gosto muito do Fabrício Boliveira, do Rui Ricardo Diaz e da gênia Helena Ignez.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Escrever com luz e som.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

O que acontece numa sala de cinema, fica na sala de cinema :)

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

O Brasil é extraordinário.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Para mim, sentir e pensar cinema passa por se ver filmes.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Pearl Harbor ou quase tudo do Bay. Não consigo.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Vou citar Santo Forte, do Coutinho. Real e fantasmagoria.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Diversas vezes. A última vez: um filme vietnamita que vi no Festival de Berlin em Fevereiro: TASTE.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Arizona Nunca Mais.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

 

Papo de Cinema.