27/09/2021

Crítica do filme: 'Hala'


O quanto raízes conservadoras podem modificar os sonhos em um mundo tão globalizado? Tradições, segredos, família. Um dos primeiros filmes lançados na plataforma da Apple TV+ , Hala, escrito e dirigido pela cineasta Minhal Bing, mostra o drama de uma jovem de origem paquistanesa que mora nos Estados Unidos quando próximo de sua formatura alguns acontecimentos aparecem em sua frente transformando pensamentos sólidos em revisões sobre o que enxergava que eram os limites de sua liberdade. Interessantíssimo filme exibido no Festival de Sundance em 2019.


Na trama, conhecemos Hala (Geraldine Viswanathan), uma jovem que está terminando o ensino médio norte-americano. Aluna exemplar, adoradora do Skate, é descendente de paquistaneses, da cidade mais populosa desse país Karachi, mas hoje mora nos Estados Unidos com a rígida mãe Eram (Purbi Joshi) e o pai, o advogado Zahid (Azad Khan). Ela está em uma fase de enfrentar um conflito iminente sobre deixar de lá certas rigidez de sua religião, um desses subtópicos chega quando percebe estar apaixonada por um colega de classe Jesse (Jack Kilmer). Mas o que ela não esperava é que seu pai guardava um segredo e isso a fará repensar ou até mesmo ter coragem de buscar a liberdade que sempre quis.


Filha exemplar, estudiosa, com um futuro muito saudável no campo profissional (em qualquer direção que almejar). Hala cresceu sempre sendo a grande luz da família. Mesmo dentro de rígidas regras sempre teve o entendimento melhor de seu pai do que sua mãe. As situações de qualquer jovem aparecem em sua frente: o primeiro amor, a primeira vez, escolhas que nem sempre vão agradar a todos, tudo isso gera uma série de problemas para a protagonista que precisará enfrentar a tudo isso com a ajuda de amigos, professores e de quem menos esperava.


As subtramas, altos pontos reflexivos, chegam pelas questões dos conflitos. Há um conflito interno por conta do amor que tem por um colega de classe. Sem saber direito o que pode acontecer nessa história, Hala vive seus dias buscando argumentos para justificar. Madura, se impõe como uma forte mulher. Há também um conflito entre gerações, talvez o principal embate entre mãe e filha, uma relação amistosa mas cheia de debates e discussões sobre as questões conservadoras da tradição muçulmana e os novos tempos em que vive a protagonista. A relação com o pai é ótima, ele a apoia em quase tudo que se diz pronta pra descobrir, tem o momento deles fazendo palavras cruzadas e debates sobre livros clássicos e alguns dos ensinamentos dessas obras. As mudanças de perspectivas dentro de alguns desses conflitos é que são a chave do sucesso desse belo roteiro.