O quanto raízes conservadoras podem modificar os sonhos em um mundo tão globalizado? Tradições, segredos, família. Um dos primeiros filmes lançados na plataforma da Apple TV+ , Hala, escrito e dirigido pela cineasta Minhal Bing, mostra o drama de uma jovem de origem paquistanesa que mora nos Estados Unidos quando próximo de sua formatura alguns acontecimentos aparecem em sua frente transformando pensamentos sólidos em revisões sobre o que enxergava que eram os limites de sua liberdade. Interessantíssimo filme exibido no Festival de Sundance em 2019.
Na trama, conhecemos Hala (Geraldine Viswanathan), uma jovem que está terminando o ensino
médio norte-americano. Aluna exemplar, adoradora do Skate, é descendente de
paquistaneses, da cidade mais populosa desse país Karachi, mas hoje mora nos
Estados Unidos com a rígida mãe Eram (Purbi
Joshi) e o pai, o advogado Zahid (Azad
Khan). Ela está em uma fase de enfrentar um conflito iminente sobre deixar
de lá certas rigidez de sua religião, um desses subtópicos chega quando percebe
estar apaixonada por um colega de classe Jesse (Jack Kilmer). Mas o que ela não esperava é que seu pai guardava um
segredo e isso a fará repensar ou até mesmo ter coragem de buscar a liberdade
que sempre quis.
Filha exemplar, estudiosa, com um futuro muito saudável no
campo profissional (em qualquer direção que almejar). Hala cresceu sempre sendo
a grande luz da família. Mesmo dentro de rígidas regras sempre teve o
entendimento melhor de seu pai do que sua mãe. As situações de qualquer jovem
aparecem em sua frente: o primeiro amor, a primeira vez, escolhas que nem
sempre vão agradar a todos, tudo isso gera uma série de problemas para a
protagonista que precisará enfrentar a tudo isso com a ajuda de amigos,
professores e de quem menos esperava.
As subtramas, altos pontos reflexivos, chegam pelas questões
dos conflitos. Há um conflito interno por conta do amor que tem por um colega
de classe. Sem saber direito o que pode acontecer nessa história, Hala vive
seus dias buscando argumentos para justificar. Madura, se impõe como uma forte
mulher. Há também um conflito entre gerações, talvez o principal embate entre
mãe e filha, uma relação amistosa mas cheia de debates e discussões sobre as
questões conservadoras da tradição muçulmana e os novos tempos em que vive a
protagonista. A relação com o pai é ótima, ele a apoia em quase tudo que se diz
pronta pra descobrir, tem o momento deles fazendo palavras cruzadas e debates
sobre livros clássicos e alguns dos ensinamentos dessas obras. As mudanças de
perspectivas dentro de alguns desses conflitos é que são a chave do sucesso
desse belo roteiro.