Quando as surpresas são bem guardadas. Disponível no catálogo da Netflix, o seriado dinamarquês O Homem das Castanhas, com bastante maestria, contorna a psique humana não importando a ótica que mais nos chama a atenção. Repleta de personagens ricos em conflitos, seja uma mãe policial com dificuldades de criar sua filha, um investigador que precisa lidar diariamente com os traumas do passado ou uma ministra que vê sua família desabar após um desaparecimento, cada ponta desse ótimo roteiro escrito pelo trio: Dorte Warnøe, Høgh David Sandreuter e Mikkel Serup, nos leva a um desfecho impactante.
Na trama, conhecemos a policial Naia (Danica Curcic), uma mulher que sofre por não ter tempo para cuidar
de sua filha. Mãe solteira, ela tem como objetivo mudar de trabalho para assim
conseguir mais tempo para sua família. Só que uma série de assassinatos
cometidos pela mesma pessoa, um serial killer que deixa como rastro bonecos
feitos de castanhas, começam a acontecer o que leva Naia a uma angustiante jornada
rumo à verdade que envolve um caso antigo tendo uma ministra da Dinamarca, Rosa
(Iben Dorner) no epicentro. Naia
contará com a ajuda do angustiado investigador Mark (Mikkel Boe Følsgaard), um homem que perdeu anos atrás a esposa e a
filha em um incêndio.
A narrativa tem a execução dos conflitos dos personagens
como outro ponto alto, sem muito uso de pontos de interseções, desenrola suas
histórias buscando um elo na dor, no luto. A protagonista, muito bem
interpretada pela atriz sérvia Danica
Curcic, são nossos olhos em muitos momentos, seja nos mistérios e descobertas
da complicada investigação em que se encontra, seja no caótico momento familiar
que vive sem conseguir se dedicar a educação da sua filha. Mark acaba sendo uma
outra ponta repleta de conflitos, um homem seco, introspectivo que no início é
quase maltratado por pessoas que nem conhecem tudo o que sofreu. Essa dupla
embarca em uma jornada de intensas descobertas que encosta até mesmo no circo
midiático e na alta cúpula do governo e seus clichês que envolvem manobras
políticas entre outras questões.
Mas o grande mérito dessa produção é saber entregar na hora
certa seus mistérios que são muito bem explicados, não restando dúvidas sobre
ação/consequência. Do primeiro ao sexto episódio, que possuem cerca de uma hora
de duração, sabemos que haverá alguma surpresa mas a maneira como se chega até
a conclusão é brilhante e surpreendente. O
Homem das Castanhas destrincha o embaralhado universo da psique aos nossos
olhos sem que sua narrativa fique maçante, chata ou desinteressante. Uma das
melhores séries da netflix.