06/04/2022

Crítica do filme: 'Os Olhos de Tammy Faye'


Os intensos bastidores do caótico colapso de um império midiático e cristão. Com direção assinada por Michael Showalter, chegou com exclusividade no streaming da Star+ (sem nem ao menos ter dado presença em alguma sala de cinema pelo Brasil) o filme que mostra a polêmica trajetória de Tammy Faye e seu marido Jim que durante as décadas de 70 e 80 dominaram uma grande parte da audiência da televisão norte-americana sendo chamados de televangelistas. O roteiro, baseado em um documentário homônimo, dirigido pela dupla Fenton Bailey e Randy Barbato, lançado no ano 2000, navega pelo olhar da protagonista para os fatores que levaram esse reinado na televisão às ruínas de uma vida apenas comum.


Na trama, conhecemos algumas fases da vida de Tammy Faye (Jessica Chastain), primeiro uma criança criada com a religião muito próxima de sua família, depois sua chegada na faculdade de estudos bíblicos, onde conhece o futuro marido Jim Bakker (Andrew Garfield). A partir do momento que se casa, resolve com o marido jogarem as mensagens de fé e esperança pelos Estados Unidos até que começam a perceber uma oportunidade de alcançar cada vez mais pessoas indo para a televisão e criando um show cristão. Só que o tempo passa, o sucesso chega, mas os pecados cometidos nesses tempos de ganância e ego inflado batem à porta deixando poucas escolhas aos envolvidos.


As linhas tênues do pecado, da fé. Nessa melodramática biografia o objetivo é muito claro: tentar refletir, dentro do ponto de vista de Tammy Faye, sobre os motivos que levaram um império midiático ao esquecimento em um mundo cada vez mais hipnótico de algumas demonstrações sobre a fé. Mas aí que chega um problema no roteiro, não conseguir se aprofundar nos porquês de muitas das questões, sendo apenas superficial e com menções pelas entrelinhas.


Os conflitos que a personagem encontra chegam por conta de sua espontaneidade, sua passividade em relação ao um controverso marido, sua maneira de ver a fé associada à uma religião conservadora sem brechas para todos. Em muitos desses conflitos e suas tentativas de resoluções, brilha o talento da atriz Jessica Chastain que conquistou o seu primeiro Oscar esse ano por seu papel nesse filme.