16/05/2022

Crítica do filme: 'Miss França'


O acreditar nos sonhos de alguém que busca a felicidade. Em seu quarto trabalho atrás das câmeras, o cineasta Ruben Alves (do ótimo A Gaiola Dourada), de maneira leve e divertida, caminha em questões profundas nos mostrando a saga de Alex, que tem o sonho de ser Miss França. O ator Alexandre Wetter, modelo andrógino que se destacou no mundo da moda a trabalhar para o estilista francês Jean-Paul Gaultier, foi indicado ao César, em 2021, como revelação masculina mais promissora por seu papel nesse filme.


Na trama, conhecemos Alex (Alexandre Wetter) que desde adolescente tem um mesmo sonho. Após o acidente com os pais quando era mais jovem, fora criado em orfanatos e hoje se vê morando numa pensão, sem muitas pretensões profissionais. Mas Alex tem seu sonho guardado com ele, ser Miss França, e a força de vontade de chegar até seu objetivo transforma essa jornada colocando muitos obstáculos mas sempre indo em frente. Assim, irá iniciar essa jornada contando com os próximos amigos que moram com ele na pensão.


Um fórum para ideias políticas? Um símbolo do sexismo? De maneira um pouco além do superficial, mas sem deixar de ser um tópico importante, há um embate sobre a importância ou não do concurso de Miss, além de seus critérios de seleção. Inclusive, um paralelo à realidade: no ano de 2021, o concurso Miss França foi processado por discriminação após selecionar concorrentes com base nas suas aparências físicas, entre alguns outros critérios considerados abusivos aos olhos da legislação trabalhista francesa.


Estimado em pouco menos de 5 milhões de euros, transitando entre o drama e a comédia, Miss França acende debates importante em um mundo ainda muito conservador. Explorando também como uma pessoa se sente em relação ao próprio gênero (aqui exemplificado na questão não-binário: pessoas que se identificam como homem e mulher, nenhum dos dois, os dois ou nenhum gênero em especifico), navegamos por essa deliciosa história, repleta de obstáculos para Alex e que ensina a cada nova chance de levantar, erguer a cabeça a ir atrás dos sonhos.