Um crime e as interpretações da impunidade. Chegou ao catálogo da Netflix, uma minissérie belga que busca em seus intensos seis episódios nos mostrar os desenrolares, ao longo de décadas de uma linha temporal, sobre um crime cometido por um grupo de amigos que se reúnem tempos mais tarde onde as verdades são jogadas na mesa. Dois Verões traz para a reflexão do público interpretações dos personagens para a violência cometida e quais seriam as maneiras de punição propostas.
Na trama, nessa minissérie de algumas cenas bem fortes,
acompanhamos um grupo de amigos que se reúnem 30 anos depois de uma situação
que para muitos deles estavam esquecidas mas por conta de um vídeo que aparece
uma chantagem é endereçada aos participantes. Assim, em uma casa de luxo em uma
ilha, completamente isolados e sem sinal de internet, vamos caminhando na história
desses personagens e seus atos e consequências que marcaram para sempre essas
trajetórias.
O projeto se inicia com uma apresentação muito interessante
onde navegamos pelas características mais marcantes de cada um dos envolvidos. Tem
os amigos que viraram empresários bem sucedidos, um deles virou ministro, tem
um ex-casal que se separou amigavelmente, tem segredos de relacionamentos que
só são descobertos quando o destino acaba batendo na porta. Assim, as verdades
vão aparecendo, além de conflituosas situações onde a razão e a emoção viram
armaduras para justificarem o injustificável.
Repleto de plot twists e também de ações desorientadas
conseguimos traçar paralelos entre o antes e o depois do crime cometido e como
esse fato influenciou a trajetória de todos até ali. Há um suspense bem
complexo estabelecido, quem será que está fazendo a tal chantagem? Por meio do
tempo presente vamos entendendo melhor o quebra cabeça proposto deixando muitas
vezes para o público refletir sobre todo o ocorrido.
Dois Verões, Twee Zomers no original, bate na tecla da
impunidade. Uma enorme reflexão que nos trazem paralelos com a realidade de
muitas vítimas ao redor do mundo de crimes que são cometidos e onde a
impunidade muitas vezes, e infelizmente, vence.