07/11/2022

Crítica do filme: 'Sorria'


As peças espalhadas da mente. Com um trailer impactante que gerou muita ansiedade nos cinéfilos, Sorria chegou aos cinemas brasileiros no segundo semestre de 2022 trazendo uma história que se fortalece na mensagem indireta de conflitos ligados as emoções humanas. Um dos méritos do roteiro é o confronto da razão com as emoções profundas feito muitas vezes por metáforas e até mesmo elementos sobrenaturais, esse último acaba afastando um pouco dos trilhos da narrativa mas sem deixar de ter seus impactantes momentos de tensão. O projeto é escrito e dirigido pelo cineasta Parker Finn em seu primeiro longa-metragem de ficção.


Na trama, conhecemos Rose (Sosie Bacon) uma pacata médica que trabalha na parte de psiquiatria de um hospital. Sua rotina é exaustiva, tendo que lidar com muitos pacientes com diversos conflitos emocionais.  Ela tem um casamento estável com Trevor (Jessie T. Usher) e mora numa casa aconchegante. Certo dia, após uma paciente se suicidar na sua frente, um caos emocional começa a reinar em sua vida e ela se vê envolvida em situações assustadoras que não consegue associar com a realidade. Ela então acaba entrando em uma jornada de confronto contra as próprias ações e emoções fazendo desabar toda sua vida.


Esse é um filme bem amplo para uma análise. Pensando na questão dos confrontos emocionais é interessante a proposta do filme em trocar de posição médico e paciente, fazendo o primeiro grupo enfrentar caminhos nebulosos entre a razão e a emoção, algo que combatem diariamente em sua profissão. Nessa estrada, as linhas do roteiro nos mostram algo ligado ao sobrenatural que pode ser entendido como mensagem indireta sobre o inconsciente, indo na raiz do confronto que trazendo pra realidade é algo que diariamente o ser humano encara com suas frustrações, seus medos, suas angústias, suas agonias.


Na questão da vida que desaba a partir do desespero dos conflitos, há um foco pouco profundo na relação entre Rose e Trevor, que talvez tenha sido pensado para mostrar que aquele casamento não era tão perfeito assim. A busca da protagonista para encontrar o equilíbrio se perde em alguns momentos trazendo redundância mas sem perder os momentos de tensão.


Sorria é um filme que gera muitas interpretações, você pode se conectar pelos paralelos do sobrenatural ao emocional, da busca do equilíbrio através do confronto do trauma. É um enorme quebra-cabeça, de modificações constantes, e a quantidade de peças que surgem espalhadas pela mente e as maneiras que podemos montá-lo.