Quando mostrar piedade é um sinal de fraqueza. Dirigido por Cosimo Gomez, o longa-metragem Meu Nome é Vingança consegue furar a bolha de limitadas produções sobre vingança explorando com bastante profundidade uma forte relação entre pai e filha. Isso, na visão de um homem que vivia para matar e matava para viver com um passado tumultuado na Calábria. Para ele haverá algum tipo de redenção? Essa pergunta vai sendo respondida ao longo dos impactantes 90 minutos de projeção. O projeto conta com uma destacada atuação do ótimo ator romano Alessandro Gassmann.
Na trama, conhecemos Santo (Alessandro Gassmann) um pacato pai de família, fã de um livro do
californiano Jack London, que mora bem longe dos grandes centros italianos em uma
casa confortável com sua esposa e sua filha adolescente Sofia (Ginevra Francesconi). Certo dia, após a
postagem de uma foto em uma popular rede social, um grupo de criminosos invade
a casa da família e mata a esposa de Santo. O motivo é que Santo é um procurado
assassino de uma máfia italiana que mudou de nome tempos atrás quando era da
organização criminosa Ndrangheta. Sem entender direito como lidar com essa informação
Sofia terá que confiar no homem que achava que conhecia e sempre chamou de pai
embarcando em uma vingança pelas ruas de Milão.
Se você é atacado, tem que revidar. Uma vida repleta de
crueldade e violência mas que foi salva pelo amor. Vamos conhecendo o
intrigante protagonista, um homem de duas facetas que nunca teve escolhas em
seu início na guerra entre mafiosos na Itália. Salvo por bons sentimentos que
aparecem em sua estrada após um rompimento de seu passado sem futuro, viveu
intensamente outro tipo de valor familiar, onde como pai entrou em uma jornada
de redenção. Quando a dor da culpa chega com força, isso acaba virando
combustível para uma vingança e junto a isso uma tentativa de deixar legado que
deseja passar para filha. O filme parece muito com a trama de Marcas da Violência do canadense David Cronenberg (ótimo filme que está disponível
na HBO Max).
As produções que exploram os sentimentos de vingança estão
cada vez mais em evidência. Se procurar com calma, você achará inúmeros filmes
que abordam o assunto. Em Meu Nome é Vingança
uma profundidade gigante é vista nos dois ótimos protagonistas e o reforço
de uma conturbada relação entre pai e filha fortalece o roteiro que mesmo
focando em cenas de ação (muito bem feitas por sinal) deixa migalhas pelo
caminho sobre a relação ‘conflito x ação’ que passam os personagens. Essa
batida de tecla sobre família é vista nos dois lados rivais, como se para se chegar
em reflexões precisamos entender primeiros os filhos, depois os pais. É muito interessante
os contrapontos vistos sob essa ótica familiar nessa produção que está
disponível na Netflix.